- Você não vê que é perfeito pra mim?
- Sua.. sua louca!
- Sim. Completamente. E você não sabe o quão difícil tem sido... quantos já passaram pela minha cama, quantos já tiveram meu coração... mas eram todos fracos. Você não... eu sei que você será mais forte que todos. Que suportará o que for, em nome do nosso amor.
- Amor? Como pode chamar isso de amor? Me deixe sair daqui!
- Não antes de você provar que me ama....
- Vocês têm certeza disso?
- O pessoal da marina já estava de olho nela. Sabe como é... mulher bonita, jovem, rica, toda semana um bonitão diferente... não é nada anormal, mas o pessoal sempre comenta...
- Se estiverem certos, dessa vez a fofoca pode ajudar a salvar alguém. Quando foi mesmo?
- Na sexta-feira. Dois positivos para a identificação do advogado.
- Três dias... bem, vejamos o que nossa anfitriã terá a dizer. Vamos docar.
- Carlos, Tomás, pelos fundos. Diego, no apoio. Sandra, venha comigo.
TUM! TUM! TUM! - as batidas na porta ecoam na enorme casa (aparentemente) vazia.
- A lancha está na doca... isso está estranho.
- Certo, vamos entrar... devagar e com atenção...
Entraram no hall, e logo o térreo estava vasculhado, sem encontrarem nada. Deixando Diego de guarda, os demais policiais subiram ao primeiro andar, mas após alguns minutos, nada foi encontrado também. Descendo novamente, discutiam o que deveriam fazer, quando um som abafado foi ouvido por um deles.
Se mantendo quietos, ouviram novamente, desta vez mais claro. Abafado, distante. Um grito.
Começaram a procurar a origem dos sons, em silêncio. Minutos após minutos se passavam, e os gritos começavam a parecer mais abafados e distantes... até que, finalmente, uma passagem foi encontrada na biblioteca, atrás de uma das estantes. Uma escada descia para o que parecia ser o porão da mansão.
Desceram a escada, chegando a um corredor com uma porta ao final. Seguindo com cuidado, chegaram à porta, de ferro, e ouviram murmúrios dentro da sala. O capitão deu a ordem de entrar.
Mesmo acostumados com a violência do dia a dia, a visão lhes revirou os estômagos. O advogado estava no meio da sala, nu, acorrentado a uma coluna em forma de Y. Os murmúrios ouvidos anteriormente deviam ter sido seu último suspiro. Ajoelhada à frente dele, encarando os policiais, a jovem dona da mansão, com uma faca em mãos e banhada no sangue do advogado. Afinal, ela havia esfolado praticamente toda a parte superior do corpo dele.
- Eu sabia que ele era forte. Suportou muito mais que todos os outros. É por isso que eu o amo, ele me ama, ele suportou tudo isso por mim. Por isso, nós vamos ficar juntos, para sempre... - disse ela, antes de cortar a própria garganta.