Eu sou parte do estrado da cama,
a poeira na cortina emprovisada
esta casa ainda não se parece
com o meu lar.
Vocês todos me veem
pelas frestas,
pelas lâminas de toda a dor
que eu fui tatuando
em minha testa;
sou cansativa,
repetitiva,
e durmo sempre tarde.
eu entardeço tudo o que faço.
E nunca fui de pertencer a um só lugar
(mas eu sou sua, passarinho)
se eu me esforço para permanecer,
você é a razão para eu querer ficar.
Mas sinto que quaisquer caminhos que eu tomar,
me levarão à dor mais certa,
me encontro como de costume,
empacotada, assim como meus livros
empacada,
como meu espírito.
dduplicando o calmante toda a noite
só para não me amaldiçoar
só para não vir a pensar demais
só para não vir a morrer uma noite a mais
mas nem tanto tempo faz,
desde que vi seus olhos pela última vez,
então...
Por quê?
Passarinho, eu odeio mudanças de ninho.
Passarinho, eu sou o que sou.
Peço desculpas por isso.