Vejo os fragmentos de meus sonhos sumindo na escuridão de minha dor. Me perco na imensidão vazia de meu pensar. Afogo-me nas pesadas lágrimas que caem e inundam o que antes, era meu mundo. Sinto o respirar aflito que ultrapassa meus lábios mortos, demonstrando assim, a mais pura agonia de ser atormentada por demônios que jamais se calam. Nem mesmo o escaldante Sol consegue transmitir calor para minha pele fria.
Contudo, quando os olhos alheios me encontram, vêem o reflexo perfeito da felicidade. Anos de sofrimento mudo ensinaram-me que mentir sobre a real natureza de seu âmago, é a melhor forma de escapar dos julgamentos. No fim, permaneço sendo o que desde o princípio fui: uma mentira.
— De fora para dentro deve-se conhecer alguém. - Meus tormentos dizem.
Todavia, alguém já encarou o abismo que tenho na alma? Ninguém quis se aprofundar, pois bastava apenas que um sorriso estivesse em meus lábios - o restante não era importante. Ninguém nunca me entendeu, porque não quiseram me ouvir explicar. Tornei-me invisível, assim como os resquícios de minha angustiante solidão. Por isso, fui me envenenando com a esperança de uma realidade falsa e morri todas às vezes que sorri por promessas que nunca se cumpriram.
De fora para dentro deve-se conhecer alguém, porém não se pode conhecer um ser que tornou-se ninguém.