Do absinto, presente,
Amargo, inerte, inerente.
Tragado esôfago abaixo
Assassino de males e mazelas,
Inoculado contra toda e qualquer solidão,
Contra a tristeza, contra a realidade,
Em favor da embriaguez, da alienação.
O abscesso estonteante de quaisquer sentimentos,
De quaisquer felicidades,
Apenas feridas, mágoas e banalidades,
Imergidas adentro do álcool catalítico
Que destroça neurônios,
Mata abruptamente células,
Que encobre na imensidão inviável,
Na escuridão invisível das noites,
Que em suas madrugadas calmas,
Derramam-se no amanhecer,
Nas gargantas já fatigadas
De uma vida inconveniente,
Sem avanços sociais,
Sem amores, sem risos,
Sem abraços, sem sorrisos,
Sobre o chão que cambaleia
Na exatidão da queda do bêbado,
Sob o chão, aonde padecemos,
Insolentes, inertes, amargurados,
Já pressinto, ausentes.