Todos nós morremos gargalhando
6 de Janeiro
Tipo: Lírico
Postado: 29/12/17 05:26
Editado: 29/12/17 05:30
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 1min a 2min
Apreciadores: 5
Comentários: 5
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Usuários que Visualizaram: 9
Palavras: 247
Não recomendado para menores de dezoito anos
Notas de Cabeçalho

Assim como nasce-se chorando.

Capítulo Único Todos nós morremos gargalhando

Contorço meu pescoço e ele se esfarela

assim como o serpentear de meus dedos

no ar me torna internamente mais deleitável

[eu os assusto?]

Ratos, pombas, moscas, vermes

brincam de furar a gordura que

mora embaixo de minha epiderme

[sou nojenta demais para um beijo]

Mas esta é a verdade:

nós a aguardamos.

ela se esconde

por entre cada

dor de cabeça

infernal

E eu,

cresço consecutivamente

enquanto me transformo praticamente

num ser medonho, calorento digno de nojo e pena

[o frio se apossa de minhas veias]

Eu me ouço orar com medo

eu me pego chorando de pavor

eu me pego descrendo na vida

sou a detetive que me investiga

- eu emagreci quatro quilos na última semana

talvez eu esteja morrendo...

- ou ficando mais aprazível aos meus olhos no espelho...

Talvez eu esteja morrendo

e minha mãe terá uma flecha encravada em si mesma

talvez eu esteja morrendo

ela não vai me perdoar por este erro

talvez eu esteja morrendo

uma existência sem um amor que será desperdiçado

talvez eu esteja morrendo

sem mais amigos bêbados e reais ao meu lado

talvez eu esteja morrendo

sinto-me definhar por cada extremidade

eu estou morrendo

a cada segundo que passa

Então agora rirei com verdade

o inferno é apenas Deus bravo com a gente

o inferno é apenas o que teme minha mente

talvez eu não morra por agora...

mas o pressentimento é eminente.

morreremos embebidos em vinho

morreremos e causaremos

um provável desespero

morreremos e sentiremos:

nada.

❖❖❖
Notas de Rodapé

Mas eu acho que Deus prefere me pegar de surpresa...

Obrigada por continuarem vivendo.

Apreciadores (5)
Comentários (5)
Postado 29/12/17 12:11

https://www.youtube.com/watch?v=J32tqYe1XuM <3

"o pressentimento é eminente." oh, sim. fizeste-me lembrar das piores semanas que já tive: apenas conseguia ficar deitada, se andasse por uns 10 min minha testa queimava como se tivesse se solidificando. minha nuca pulsava, minha mão também:o tempo inteiro. meus cabelos caiam. luzes coloridas ondulavam no canto de meus olhos. e eu temia cada noite, apavadorada: andado para lá e para cá, sentido a morte lambendo minhas entranhas; às vezes, um zumbido em meus ouvidos de um redamoinho que enfim me levaria. e eu sussurrava: é agora. faltar de ar, taquircadia, apareceram várias manchas em minha pele. e cada sengundo era uma aferroada, cada segundo era um veneno. (lembro-me de uma situação engraçada: durante a madrugada, bati na porta do quarto dos meus pais e pedi que me levassem na emergência. ele respondeu extenuado: esse lugar é só pra quem está morrendo.) as cores das 17h00min, as cores frias e solitárias. até que, de repente, eu pensei: meu corpo está entregando os pontos, mas minha alma já não o fez há muito tempo? por que todo esse pavor? estou a temer a morte? a morte que tanto desejei e que agora resolveu me encarar nos olhos? eu a tentar desviar-me? foi então que sobrenadei sobre o caos e além pude enxergar minha estrutura minúscula e nojenta que definhava; tic-tac. eu estava rindo, finalmente. sentia o amor da morte. (mas sinceramente sempre preferi desvanecer vagarosamente, se esfarelando). "sou a detetive que me investiga" persigo-me vingativa, espreito-me com desdém...ah, conheceço isso muito bem.

as palavras flutuam de minha boca

enquanto não estou aqui

as sensações vibram órgãos

que não são meus

em cada esquina

um olho debilmente pisca

as mãos tremem

o suor escorre

enquanto procuro meu onde

mala extraviada, pedaços de mim

congelados num canto escuro

aguardam o roçar de mãos amigas

e que sussurrem a velha mentira

[vai ficar tudo bem

num recanto ainda mais frígido

uma idosa cantarola

sem se importar que alguma alma a ouça

[nós somos aves de rapina

abraçadas pela nossa armadilha]

escorpiões volteiam seu escamoso pescoço

e seus suspiros baços eriçam os pelos de uma criança a brincar

o pequenino às vezes questiona

[vovó, aonde vamos chegar?

um escorpião o aferroa

mas ele se põe a gargalhar

com suas tenras pernas arroxeadas,

ele espia o mundo a girar

Que poema maravilhoso! Alguns de nós a sentimos, ela se aconchega em nosso pescoço e seu bocejo friorento às vezes nos faz tremer. Ela está sempre aqui. Ramificando-se dentro de nós.

https://www.youtube.com/watch?v=LjS4bJbZp9Q

[percebeste que eu não sei fazer um comentário decente, desculpe-me, saí tagarelando um monte de merdinhas aletarórias]

Postado 29/12/17 20:08

Cada comentário seu daria uma antologia poética.

Mas nós vencemos todos os nossos dias mortificantes. Nós pregamos cada peça na vida...

O seu comentário é que foi maravilhoso. E suas indicações... Como sempre sublimes.

Obrigadinha!

Postado 03/01/18 01:34

A atmosfera do poema é pesada e cada verso é como uma melodia fúnebre que nos faz lembrar de nossos infernos particulares e secretos; aqueles tormentos que nós lutamos para passar por eles sem perder a alma no caos que são.

Meus parabéns por essa obra ❤

Postado 03/01/18 02:37

Af, te amo me abraça.

(e obrigada)

Postado 10/03/18 19:13

Isso desenterrou uns sentimentos que preferiria deixar lá no fundo da gaveta, mas mesmo assim, é um poema maravilhos.

Postado 16/03/18 12:18

Talvez, seja a hora de fazermos as pazes com estes sentimentos engavetados... Mesmo assim, perdoe-me, sei como dói e assusta dar de cara com algo que há muito foi esquecido.

Mesmo assim, fico feliz que tenha gostado.

Postado 21/03/18 14:50

Não possuo palavras para comentar essa obra, é simplesmente intensa e profunda. Maravilhosa

Postado 25/03/18 18:03

Obrigada!

Postado 31/07/20 19:51

Gostei tanto desse poema!!!

A ideia que ele passa é muito boa!!

E gostei principalmente da frase "eu estou morrendo a cada segundo que passa", pois acho que somos todos assim, e isso é fascinante!

Abraços!

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