Contorço meu pescoço e ele se esfarela
assim como o serpentear de meus dedos
no ar me torna internamente mais deleitável
[eu os assusto?]
Ratos, pombas, moscas, vermes
brincam de furar a gordura que
mora embaixo de minha epiderme
[sou nojenta demais para um beijo]
Mas esta é a verdade:
nós a aguardamos.
ela se esconde
por entre cada
dor de cabeça
infernal
E eu,
cresço consecutivamente
enquanto me transformo praticamente
num ser medonho, calorento digno de nojo e pena
[o frio se apossa de minhas veias]
Eu me ouço orar com medo
eu me pego chorando de pavor
eu me pego descrendo na vida
sou a detetive que me investiga
- eu emagreci quatro quilos na última semana
talvez eu esteja morrendo...
- ou ficando mais aprazível aos meus olhos no espelho...
Talvez eu esteja morrendo
e minha mãe terá uma flecha encravada em si mesma
talvez eu esteja morrendo
ela não vai me perdoar por este erro
talvez eu esteja morrendo
uma existência sem um amor que será desperdiçado
talvez eu esteja morrendo
sem mais amigos bêbados e reais ao meu lado
talvez eu esteja morrendo
sinto-me definhar por cada extremidade
eu estou morrendo
a cada segundo que passa
Então agora rirei com verdade
o inferno é apenas Deus bravo com a gente
o inferno é apenas o que teme minha mente
talvez eu não morra por agora...
mas o pressentimento é eminente.
morreremos embebidos em vinho
morreremos e causaremos
um provável desespero
morreremos e sentiremos:
nada.