- Tem certeza que isso é uma boa idéia?
- Vai dizer que estás com medo?
- Deixe ela... vamos fazer logo isso.
A clareira era iluminada pelas tochas, permitindo ver pouco além do círculo. Os quatro deram as mãos, e Jona começou :
- Ó espíritos que vagais em meioa nós, vós que estão presos sem descanso, Aceitai nossa oferenda e mostrai vossa presença. Neste dia que o véu torna-se frágil, dai-nos um sinal.
A fogueira no centro foi acesa, e cada um jogou nela sua oferenda: frutas, carne, vegetais e tecido. Entoaram um cântico antigo, e aguardaram. Nada.
- Mostrai um sinal de vossa presença, respondei nosso chamado.
Nada. Logo, desistiram.
- Eu disse que essa estória de Samhain era besteira.
- Ah, mas foi divertido.
- Não sei pra quem...
- Esqueçam isso. Vamos apagar a fogueira e ir no Mac. Estou faminto.
Ninguém notou que, após saírem, as cinzas da fogueira subitamente se acenderam...
54 dias depois...
- Ainda não acredito que vamos passar o Natal em Nova York.. Parece um sonho!
- Nada como um Natal branco, hein Simone?
- Essa cidade é sempre tão linda nessa época. Foi ótimo nos convidar, Marcos.
- Sem problema, Tamara. Nós quatro merecemos um tempo juntos, já que vocês vão se mudar ano que vem.
- Mas não vamos perder contato.
- Espero mesmo que não, senão vou cobrar as passagens depois.
Todos riram , e voltando para o hotel, os quatro amigos logo foram para a cama, para aproveitar a noite de Natal depois. Mas...
- Faça! A culpa é sua! Você nos prendeu aqui!
- Não! Eu não queria...
- Faça!
- Não! Não!
- Jona! Jona! Acorde!
- Hã? O quê? Tamara?
- Outro pesadelo?
- Eu... Acho que sim...
- Já faz um mês que isso começou... Tem que ver um médico...
- São só sonhos ruins... Vai passar.. Não se preocupe... Que horas são? Quase sete? Melhor tomarmos um banho que Marcos e Simone devem chegar logo...
- Feliz Natal!
-Feliz Natal! Vamos trocar os presentes antes de sairemos?
- Como quiserem. Jona, esse é nosso pra você.
- De todos vocês? Deixe-me ver...
Embrulho aberto, um brilho prateado logo foi visto.
- Uma.... Uma adaga celta?
- Sabemos. o quanto você é maluco pod coosas celtas. Não foo facilde achar...
- É linda... Poxa, obrigado! - agradeceu Jona, pegando a adaga na mão. Porém...
- Faça! Use-a! Liberte-nos! A culpa é sua! Liberte-nos! - as vozes começaram a ecoar em sua cabeça.
- Jona? O que foi? Jona?!?
Os amigos deram um passo para trás, quando Jona olhou para eles, com os olhos vermelhos e uma expressão desvairada no rosto.
- A culpa é minha! Devo libertá-los! - gritou Jona, ao mesmo tempo que saltou, atingindo Marcos no pescoço. O sangue esguichou, e o amigo ainda tentou falar algo, mas logo caiu ao chão.
- Jona!! - as amigas gritaram, mas isso apenas tirou o jovem do transe causado pelo sangue, e ele agarrou Simone pelo cabelo, cravando a adaga em sua barriga. Ela murmurou algo, então ele a jogou na parede e começou a esfaquear repetidamente seu peito. O quarto já estava completamente manchado de sangue, e uma grande poça se formava...
- Jona! Pare com isso! - gritava Tamara, mas era inútil. Quando Jona se virou para ela, ela avançou para a porta, abrindo-a e saindo em disparada pelo corredor.
Jona logo seguiu atrás, causando um frenesi no hotel, ele todo coberto de sangue e com a adaga na mão. Logo saíram para a rua, e Tamara avançou em meio ao trânsito, com Jona em seu encalço. Os transeuntes olhavam apalermados a cena. Logo, adentraram no Central Park. Em certo momento, Tamara escorregou na neve, e Jona a agarrou.
- Por que está fazendo isso??
- Eu tenho que fazer! Preciso libertá-los! Preciso fazer parar!
Jona então esbofeteou a namorada, e com a adaga cortou sua roupa, deixando praticamente nua. Enquanto ela chorava, ele, com um grito inumano, cortou-lhe a barriga, fazendo suas vísceras caírem na neve. Em seguida, beijou-a, e cortou sua garganta.
Lá estava ele, parado no meio da praça. O sangue ainda escorria da faca em sua mão. Seu rosto estava todo banhado em sangue, assim como boa parte de seu corpo. A seus pés, a oferenda mostrava, desnuda, suas entranhas. Ao redor, o povo observava. Alguns vibravam pelo espetáculo, outros pareciam não acreditar, e uns poucos vomitavam devido ao que acabaram de presenciar.
Ele golpeou o peito dela e, com esforço, arrancou seu coração, erguendo-o aos céus e clamando aos espíritos:
- Aceitai, ó senhores da vida e da morte. Aceitai este sangue que derramo por vós. Aceitai esta oferenda que trago a vós. Aceitai e perdoai o mal que lhes causei!
A polícia chegou, mas, quando ordenado a largar a adaga, Jona apenas sorriu e, sem pestanejar, cortou a própria garganta. Lentamente caiu, por sobre o corpo da namorada, formando os dois uma mancha escarlate na branca neve...