O sol deixava o céu
E a noite dava indícios de ser a mais escura do ano,
Mas, mesmo assim, não me preocupava com esses detalhes
passaria horas ao seu lado sem ousar pensar
no que o destino me guardava.
O caminho para sua casa era sereno,
As árvores rodeavam-me dos dois lados da rua
e às vezes eu sentia ou via olhos nas sombras
que se formavam por causa do farol do meu carro.
Por que temer aquilo que eu devia estar somente imaginando?
Sua casa tão bonita no meio do nada,
encheu-me os olhos quando estacionei em frente da mesma.
Logo saiu para receber-me com um sorriso impecável,
as barras de seu vestido branco dançavam com o vento
que indicava um temporal a se formar;
um certo medo visível em seus olhos
dizia que seria melhor entrar
antes da chuva chegar...
Se a casa era bonita por fora, era ainda mais bonita por dentro...
Era completamente feita de madeira escura e velha,
o candelabro no meio da entrada iluminava tudo,
desde o primeiro andar até o segundo.
A porta da cozinha estava fechada como todas as outras
É certo uma...
Por qual levou-me sem muito hesitação.
Uma lareia aconchegante era rodeada por dois sofás,
logo atrás uma cama enorme e um roupeiro.
No quarto somente uma janela com grades
e duas cores principais, que variavam de tom,
preto e vermelho.
Você me ofereceu alguns aperitivos
que estavam em uma mesinha,
a qual não notei a existência.
"Vamos pular essa parte toda e ir ao ponto que desejamos, o que acha?"
Após dizer isso,
senti um pesar ao meu redor,
mas você não tinha uma reação negativa aquilo.
Foi quando se aproximou com passos lentos e olhos sedutores
para colocar suas mãos sobre meu peito
e ficar na ponta dos pés para beijar-me.
Continuei sua dança, segurando sua cintura mais próxima a mim
e a beijando vagarosamente,
apreciando cada milésimo de segundo.
Cada minuto passava muito devagar,
porém o ar acabava subitamente.
E enquanto ofegava em busca de ar,
eu soltava seu cabelo longo,
você desabotoava meu colete para depois tirar a camiseta.
No sofá,
não podia evitar apalpar suas coxas
ou deslizar minhas mãos em suas curvas,
até mesmo o menor toque era agradável ao meu ver.
Contudo, eu queria um pouco mais de você...
Queria escutar cada som
que poderia fazer enquanto
eu satisfazia seus luxos imundos.
Puxando-te coloquei seu corpo macio em meu colo
e acomodando meu rosto ao lado do seu,
tudo para melhor ouvi-la.
Como evitar o desejo de segurar-te mais e mais firme?
Quando finalmente voltei a deita-la no sofá,
você segurou meu rosto com as duas mãos:
"Nunca esqueça que eu não te amo"
Meu coração pulsou forte
e eu senti a artéria principal do meu pescoço doer...
Um zunido forte
fez com que eu me levantasse com as mãos em meus ouvidos,
quando não mais aquentava tamanha dor,
cai de joelhos.
Você gozava sua satisfação em gargalhadas cruéis,
mas nunca passará em minha mente
ter sentimentos por alguém como você.
Assim que eu pensei odiar-te
uma atormentadora dor em meus ossos,
começou...
Eu arranhava o chão e grunhia,
enquanto formavam-se volumosas massas em minhas costas
que fazia-me sentir todos os ossos de meu corpo
racharem e quebrarem milhares de vezes.
Foi quando perfurou minha pele,
como uma agulha atravessando um tecido,
que eu retifiquei minha coluna e gritei,
assustando todo e qualquer animal,
cresceram instantaneamente,
como galhos,
as minhas asas de penas escuras.
Olhei-te pela última vez,
antes de rasga-la com o ódio borbulhante,
e você claramente estava com medo.
Foi no teu abraço que descobri o que é ser amado;
Foi pelas suas mãos que senti a verdadeira satisfação;
Foi pela sua voz que ouvi as palavras mais dolorosas;
Foi em seus profundos olhos que vi um monstro;
Foi em seus pensamentos indecifráveis que descobri o que era temer;
Mas foi só quando a última gota do seu sangue pingou que eu descobri o meu lugar...