Id
True Diablair
Tipo: Lírico
Postado: 14/12/17 01:20
Editado: 15/01/18 01:35
Tags: Quem Liga
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 3min a 4min
Apreciadores: 6
Comentários: 5
Total de Visualizações: 768
Usuários que Visualizaram: 12
Palavras: 518
Não recomendado para menores de dezoito anos
Notas de Cabeçalho

...

Capítulo Único Id

Chegamos a isso, agora?

Não creio... Você deve estar

Muito mal ou pouco se fodendo

Talvez cansado, não é?

Fingir exige muito, eu sei.

Não que eu me importe.

Não.

Mas, essa sua súbita ânsia

De vociferar sinceramente

Através de minha hedionda voz

Me é muito conveniente

Então lá vamos nós!

Nunca houve sonhos

Objetivos ou sequer um intento

Real que lhe movesse, certo?

Como um robô de carne e osso

Com uma puta falha na programação

Todo esse tempo emulando

Se deteriorando

Você apenas seguiu o fluxo

E quanto aos outros?

Aos que afirma estimar

Ah, eles...

Todas as escassas interações

Ditas preciosas... Que hilário!

Que engodo!

Queria mesmo é possuir seus corpos

De maneiras tão obcenas

Profundas e profanas

Que fariam qualquer demônio

Sorrir ou virar a face

E quem sabe assim

Descobrir algo que lhe escapa

Desde sempre até

Provavelmente o túmulo

No qual, se tivesse coragem,

Já teria lhes feito um favor

E se jogado dentro

Ou os atirado lá aos gritos

Você se importa com eles

Mas, na verdade,

Não queria dar a mínima

Assim como faz consigo

Desde a juventude perdida

Desde o primeiro fôlego

Que desperdiçou ao respirar

Não é? Não (re)negue

O quanto, do fundo de sua alma,

Ou a paródia de uma,

Você queria ver o mundo arder

Em chamas que você atearia

Se tivesse o que é preciso

Ou se faltasse em quantidade demasiada

Seja lá o que retém sua monstruosidade

O seu verdadeiro eu:

Eu.

Ao invés disso, "escreve".

Sonha acordado com tudo

O que sua mente doente imagina

E o seu coração imundo fomenta

Sozinho, se fazendo de amigo

Colecionando segredos e confidências

Sozinho, sendo a quem procuram

Por uma ajuda que finge lhes fornecer

Sozinho, quando todos adormecem

E seu pesadelo continua e continua

Sozinho.

Comigo.

Sentindo toda essa merda

Que rumina entre gracejos e textos

E engole calado toda madrugada

Gargarejando a constante purulência

De sua eterna e impressionante ignorância

Chafurdando nos dejetos de desejos

Nos detritos de lembranças amargas

Lambuzado com os erros nojentos

Banhado com os excrementos de seus remorsos

Cujo odor apodrece o que te compõe

E você finge estar sob controle

Mentindo para todos e para si

Mantendo uma farsa muito bem elaborada

Que te faz querer vomitar toda vez

Que abre a sus maldita boca

E assim nós continuamos

Fodidos e nos fodendo um pouco além

Perdendo-se no vazio interno

Onde sempre estivemos desde que

Você sequer tinha idade para entender

O quão fodida e oca era sua cabeça.

Seu aborto mal-sucedido

Meu nascimento mal-resolvido

Essa porra insana, esse escárnio

Deplorável, esse arremedo de obra

De Existência

Nunca deveria ter tido lugar no mundo

Quando foi a últims vez

Que sentiu seu coração bater

Ou que sua respiração

Não parecia tão desnecessária?

Será que você lembra como era tudo

Antes de toda a diarreia?

Antes de mim?

Eu odeio você tanto

Por não ser seja lá que caralho queria

Nem me deixar ser de fato

Livre!

Espero que morra em breve

Já que nunca esteve vivo de verdade!

É o que eu mais quero

E, eu sei, você também.

❖❖❖
Notas de Rodapé

...

Apreciadores (6)
Comentários (5)
Comentário Favorito
Postado 14/12/17 01:44

"coma baby, with your sick head, the doctors saved you, but you’re still dead, through your scalp i would like to reach in so i could pull out the monster you’ve been

but you would do anything to destroy the body that they rescued, your sick little head, so brain damaged, lying in that hospital bed

coma baby, the cry of your bones, and your skull when it split on the road, i wish i’d find all the lonely remnants of you that left when your head cracked open

but you would do anything to destroy the body that they rescued, your sick little head, so brain damaged, lying in that hospital bed

lately i can’t recognize you, the doctors lied when they said they saved you, you’re just the shell of the boy that you’ve been, and you’re dying, i can feel it"

I feel you

Postado 14/12/17 01:57

Haha.

Thank you, Missed One...

Postado 14/12/17 01:54

Ual...

É tudo o que consigo pensar depois de ler essa obra. Ela possui uma peculiaridade na atmosfera que varia entre o mórbido e o abominável. O eu-lírico praticamente vomita as palavras, sem rodeios ou ensaios. Senti que cada palavra fluiu como um desabafo; um grito que estava preso na garganta; um ódio que não pode ser contido pelo o que de bom o rodeia.

Realmente, nossas obras são opostas. Terrivelmente diferenciadas. Contudo, o mundo não é feito de iguais. E graças aos deuses dou por isso. O mundo seria uma porra se todos fossem iguais. Só quero ressaltar que, às vezes, palavras são só palavras. Palavras podem mentir e esconder. Não se esqueça disso.

Enfim, parabéns pela obra!

Postado 14/12/17 01:59

Exceto pela parte do mentir e esconder, a senhorita captou completamente a essência dessa... Coisa que ele postou.

O mundo é uma porra de qualquer jeito...

Gratíssimo, Srta Sabrina! Gratíssimo...

Postado 15/12/17 09:33

Talvez eu tenha viajado (e me iludido) um pouco na interpretação desse texto.

Talvez essas palavras vomitadas sejam mais do que simples “palavras escolhidas ao acaso”.... Eu não sei bem como explicar o que pensei ao ler, então é melhor ficar quieta para não me complicar ainda mais.

Eu só queria dizer que entendo ao menos uma parte de tudo isso.

Essa é a primeira obra que eu li hoje. Já comecei em grande estilo. Sinistro. x.x

Parabéns!

Postado 15/12/17 10:53 Editado 15/12/17 10:54

Não creio que tenha entendido nada errado, nem se confundido/iludido, Srta Flávia. Nada foi dito por acaso também. Ele somente falou abertamente o que sempre esteve implícito. Não creio haver quaisquer margens para dúvidas quanto ao significado deste regurgito...

Gratíssimo e lamento por começar seu dia lendo algo essencialnente fecal (embora absolutamente verdadeiro).

Postado 15/12/17 13:17

O inferno queima entre os sorrisos de todos os dias. Quantos se odeiam apenas por serem? Quantos gostariam de ser ainda uma outra coisa, qualquer coisa ao menos um pouco menos pior?

Mas estamos afundando, meu amigo. Parece que a voz jamais se calará, a menos que a calemos junto a todas as outras. E mesmo que não seja assim, o que então nos restará?

"Ao matar teus demônios, cuidado para não destruir o que há de melhor em você."

É isso.

Teus demônios gritam, meu irmão. Obrigado por nos deixar ouvir.

Postado 15/12/17 20:07

Ah, Mestre/Irmão... Sabia que conceberias toda a desgraça e realidade por trás de cada verso desta obra maldita...

Muito obrigado, meu Mestre/Irmão. De todo o meu cerne rançoso e inútil, muito obrigado...

Postado 05/01/18 01:12

o texto foi tão profundo que me deu vontade de cometer suicídio por perceber o quão merda sou

parabéns

Postado 06/01/18 00:28

Não deveria sentir/fazer isso por singelos dois motivos, Srta Tríplice:

- A senhorita não é isso. Nunca o foi e jamais o será.

- O poema é sobre mim e ele, somente...

Gratíssimo pela leitura... E perdão.

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