Ele era e ao mesmo tempo não era, via e ouvia, mas não sentia, pensava e na sua mente se mergulhava.
Ele não tinha corpo, nem olhos, ouvido ou qualquer outra coisa, ele só era, simplesmente estava lá.
Como ele sabia que era ele se não tinha nem corpo?! Ele se indentificava com o gênero masculino por que sempre pensava que as mulheres eram boas de mais para ele ser uma delas.
Ele costumava se chamar de 옵써, que significa nada em coreano, ele não sabe como sabe disso, ele simplesmente sabe.
옵써 via com os olhos que não tinha os pássaros voando no céu, imaginando a famosa brisa que tantos falavam, mas que ele não sentia.
Ele ouvia com os ouvidos, que não tinha, o canto das lavadeiras daquela região que tanto o impressionava, mas ele não podia cantar já que não falava.
Ele tocava com os pés, que não tinha, a terra seca que em seus remendos floresciam pequenas flores, ele queria colher-las, mas não podia.
옵써 não aguentava mais viver, estava cansado de não ser, ele queria morrer, mas será que algum dia ele já viveu para padecer?
옵써 de longe via uma menina, roupas furadas, sapatos desgastados, cabelos sujos e uma trouxa de roupas, 옵써 sentia que pertencia a ela, ele era dela e estava com ela.
Ela não tinha casa nem família, tinha as roupas velhas do corpo, uma trouxa com um punhado de outras roupas e tinha esperança, uma esperança que todos diziam não valer a pena, que todos diziam ser nada.