Rio e Canoa (Terminado)
Mari Freitas
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Tipo: Antologia Poética
Postado: 06/03/16 23:00
Editado: 19/03/16 16:56
Gênero(s): Aventura Fantasia
Qtd. de Capítulos: 6
Cap. Postado: 06/03/16 23:00
Cap. Editado: 08/03/16 19:05
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 4min a 5min
Apreciadores: 3
Comentários: 2
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Palavras: 657
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Rio e Canoa
Notas de Cabeçalho

Rio e canoa, nada mais é, do que as viagens lúdicas que faço, imaginando-me como alguém que busca a sua lenda pessoal.

Capítulo 1 Rio e Canoa- Capítulo 1

Buscando o mar, destino de todo rio.

Cilícios...martírio...talvez assim, com os flagelos poderia esquecer das dores maiores e silenciosas.

Chorou...pediu aos anjos...acreditou.

Nunca existira dor igual aquela, pensou.

Nunca existira necessidade de tantas dores

e novamente chorou.

Pediu aos céus, e houve silencio.

Um silencio tao profundo e tão vazio que o espanto fez o choro secar.

Era a certeza de que nada é em vão, absolutamente nada acontece sem explicação.

Não mais cilícios, nem martírios....

Apenas aquele grande silencio das montanhas dignas e duras, marcadas por flagelos do tempo lhe dizendo:

A dor te fortaleceu.

Busque o rio.

Ele te contará lendas, você escutará os lamentos da eternidade contida nos velhos cascos de uma canoa.

Resoluta , me entreguei aos conselhos das montanhas.

O frio era tanto dentro dela quanto do lado de fora.

A avalanche a qualquer hora poderia chegar, estava arriscado ficar ali.

Sem forças, com medo, levantou e correu...

Não buscou olhar para tras, nem pensou em parar para respirar o ar que já lhe faltava.

Simplismente a lei da tal sobrevivência se instalou na alma daquela que perdida no meio do nada estava.

Foi assim que descobriu a força que existia dentro dela.

Foi assim que mesmo agora, com o sol se extinguindo no horizonte, existia ainda arrepios pela sua pele.

E uma avalanche como aquela que acabara de enfrentar junto a montanha de neve, agora na sua alma existia também.

Porém, mais do que tudo, sentiu-se tão forte , e partiu mesmo sabendo dos perigos que iria enfrentar.

Ela se chamou de canoa, uma simbologia , um enigma, nem mesmo ela sabe.

Só que, canoa, navegando ela foi e conheceu lugares inimagináveis dentro dela própria.

Ela foi o remo e a mão.

Foi força e coragem nas tempestades.

Desabou e quebrou nas correntezas.

Se alinhou em lagos serenos.

Se abasteceu, alargou e se transformou.

Mas canoa que era, obstinada em encontrar o mar,

serenou pouco a pouco, remos e braços descansaram no fundo de sua alma cansada.

E conheceu o rio, que lhe ensinaria o mágico da existência, através de lendas e misteriosos encontros lúdicos ao luar.

As mãos tocaram o fio daquela nascente de água pura.

Tão inocente em suas mãos, tão clara e límpida,

mas ela não conseguia retê-la ...corria pelos seus dedos e morria em suas mãos.

Enquanto outro filete nascia novamente.

Os olhos correram em busca do que estava a pouco suavemente molhando seus dedos,

e percebeu que ao longe o rio abraçava aquele pedaço de nascente com um amor e carinho que queria ir junto.

Mesmo assim, viu o rio entregar aquela que fora sua amante por alguns momentos

ao seu derradeiro destino que era o mar.

Carinhosamente percebeu um dos primeiros ensinamentos que o rio lhe doava, o amor sem amarras, sem posse.

caminhou lentamente observando a nascente pura se entregando ao rio e ele a entregando por entre pedras ao destino que toda nascente pertence.

cansada , deitou-se a beira do rio, escutando sua melodia calma

As margens eram verdes de um tom tão desigual que sucumbir ao sono era por demais acolhedor.

Deitou-se escutando arrulhos, chiados, animais talvez se escondendo daquele ser diferente.

As narinas se dilatavam e profundamente conseguiu sentir o odor exalado pela floresta.

Era puro, uma inocência que não se comparava a nada que a lembrasse outros lugares.

Um silêncio com sons...riu de tal pensamento...silêncio era silêncio, mas ali não.

Percebeu que o silêncio dali era o caminhar das almas.

Fechou os olhos e viu toda a claridade da ancestralidade que corria livre

Conseguiu entender o silêncio diferente daquela floresta mágica.

Todos os seus sentidos ficaram aguçados como se animal fosse.

Compreendeu a inutilidade de ser humana aonde não havia outras formas que não fossem de total unicidade com o todo.

Agradeceu por ter sido por instantes una com aquela beleza virgem, daquele verde de tons desiguais.

Respeitosamente desatracou sua canoa e margeando aquela que seria pra sempre sua morada interior, com amor foi-se.

❖❖❖
Notas de Rodapé

Maria Freitas

Apreciadores (3)
Comentários (2)
Postado 07/03/16 06:22 Editado 07/03/16 06:23

Nossa! Quando comecei a ler, achei um pouco 'estranha' essa história toda, mas à medida que ia lendo, ia percebendo o sentido e achei muito boa! Não preciso dizer que amei, né? O jeito que você escreve, tão sonoro, tão organizadinho!

''Um silencio tao profundo e tão vazio que o espanto fez o choro secar.'' e ''E conheceu o rio, que lhe ensinaria o mágico da existência, através de lendas e misteriosos encontros lúdicos ao luar.'' - Maria Freitas

Parabéns, eu te invejo!

Postado 07/03/16 09:48

não há nada pra invejar, vc escreve maravilhosamente bem, tanto quanto eu...não percebe que o acaso não existe? vc escreve coisas que eu amo, e eu escrevo coisas que vc entende...só posso lhe dizer, obrigada. vamos ver se vc vai gostar do encontro com o rio...mais tarde...rssss

Postado 07/03/16 14:54

Olá Maria!

Caso o seu texto vá ter múltiplos capítulos, ele precisa ser marcado como "Romance ou Novela" ou "Antologia Poética". Mesmo que ele não seja exatamente desses tipos literários, isso é necessário para que o site te permita adicionar mais capítulos na mesma história.

Sobre o conteúdo do texto em si, estou meio sem tempo agora, mas assim que puder, o lerei e deixarei um comentário com minha opinião.

Postado 07/03/16 16:38

mudarei para Antologia Poética então. acho que é mais a cara do que irei escrever. obrigada pela ajuda.