O lugar estava completamente escuro. O breu reinava supremo, acompanhado de um zunido estranho e uma risada diabólica. As mãos tremiam e as pernas não se moviam. Uma luz praticamente fritou seus olhos. Estava muito assustada para perceber que havia mais alguém ali. Uma espectadora do show, observando de perto o desespero alheio com um sorriso nos olhos claros. Era uma verdadeira loucura. Um absoluto caos isento de lógica. Talvez fosse apenas uma paranoia.
A luz branca passou de seu rosto para sua perna esquerda e o zunido ficou mais alto. A maquininha do capeta aproximava-se de sua pele. Aquilo só poderia ser descrito como uma cena de filme de terror. Entrou em desespero ao ouvir, mais uma vez, a risada do artista maluco. Não entendia o que estava acontecendo ali e antes que pudesse entender as luzes se apagaram. A escuridão casou-se com o silêncio e ambos reinaram em absoluto isolamento.
Nada aconteceu de fato, embora já tenha acontecido muitas vezes. Nada foi como havia sido, embora já tenha muitas vezes. O que aconteceu não tem exatamente uma explicação, embora ela tenha entendido perfeitamente bem.
Ah, é tudo tão confuso.
Acho que eu preciso colocar mais tinta nessa pele.