Noite de Ano Novo
Aléxia
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 06/03/16 21:01
Editado: 16/03/16 09:37
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 11min a 15min
Apreciadores: 3
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Palavras: 1811
Não recomendado para menores de dezoito anos
Notas de Cabeçalho

Olá, pessoal! Este texto data de 2014 ou 2013 e faz parte uma história maior que será reescrita e postada aqui. O texto fala sobre um casal de amigos com benificios, Kendall uma designer gráfica e Tyler um impreiteiro de obras públicas. Espero que gostem (:

Capítulo Único Noite de Ano Novo

O vento era praticamente inexistente, os prédios, na sua abundância e alturas descomunais, acabavam por destruir todas as suas tentativas de interferir com o ambiente festivo. As ruas apinhadas de Nova Iorque com turistas e os seus residentes tornavam apenas o ambiente mais agradável e festivo. Como se o sentimento de alegria conseguisse de uma maneira quase mágica alegrar as ruas frias. As pessoas saiam à rua encapuçados e com casacos grossos para o meio da neve, recebendo sorrisos dos seus conhecidos. As famílias juntavam-se umas às outras cumprimentando-se, abraçando-se e desejando as felicidades para o novo ano.

Noite de Ano Novo e aqui estavam eles. Kendall de mãos dadas com Tyler, o rapaz com quem mantinha uma relação estritamente sexual, apesar de tudo aquilo soar a um encontro. Bem, além de parceiros sexuais, eram também uma espécie de amigos, certo? Não haveria nada de errado sair e passar tempo com o seu amigo masculino, solteiro e com quem passava noites acordada. Nada mesmo, apenas o resto do mundo estava a discordar das suas teorias.

–- Para onde vamos? -- Perguntou-lhe o jovem olhando para baixo à procura dos olhos azuis dela. Kends encolheu os ombros. Olhou para os lados em busca de algo para fazerem para além de ganharem raízes nos pés com o tempo que estavam ali parados. Levantou uma perna e depois outra apenas para confirmar que realmente não estava a ganhar raízes.

Avistou o lago artificial congelado. Iriam patinar! Apertou-lhe a mão e com um sinal de cabeça pediu que a acompanhasse. Ele não reclamou, não perguntou para onde iam, apenas iria confiar nela e, uma vez na vida, deixar que fosse ela a tomar as rédeas. Que péssima decisão tinha tomado. Resmungou para si mais um pouco quando finalmente percebeu para onde se dirigiam. A loirice daquela criatura não tinha limites em quesitos de idiotice. Como é que ela poderia fazer-lhe isso? Não via o quão grande e monstruoso ele era para patinar? Além disso duvidava que tivessem patins para o tamanho dele. E sem dúvida que não iria ficar do lado de fora, encostado ao varão, e a vê-la patinar e deixar-se seduzir por outros homens enquanto ele ficava na companhia de um copo de chocolate quente para não morrer de frio.

– Nem penses! - Ela parou abruptamente, o texano não reparou e atropelou-a, pisando-lhe um dos pés. Kendall deixou escapar um guincho e em minutos o seu sotaque Irlandês inundava o espaço. - Desculpa, estás bem?

– Ótima! Não é todos os dias que o bigfoot decide esmagar os teus dedos e praticamente empurrar-te!

– A culpa é tua por parares assim do nada.

– O teu cérebro não veio instalado com reflexos? Como é que consegues conduzir mesmo? - Ele dei-lhe uma pequena pancada na cabeça para a fazer calar.

– Shiu mulher, és mais bonita calada.

– Charmoso e cavalheiro. Volta para a terra dos amish, estás claramente perdido.

– Gosto demasiado do meu carro.

– Claro que gostas - ela revirou os olhos - Olha p'ra mim, sou um macho daqueles mesmo macho, que apenas os filmes de cowboys conseguem ter. Já viste este músculo querida? - Tentou imitar o sotaque do amigo e algumas das suas poses típicas.

Tyler ergueu uma sobrancelha loira e voltou a dar-lhe uma palmada na cabeça.

– Eu não sou um cão, para de me bater! -- Serrou o punho e bateu-lhe no peito. Cruzou os braços no seu peito e virou-lhe a cara. As mãos dele apertaram-lhe os ombros e sentiu-se ser empurrada. - Hey, que é que estás a fazer? -- Resmungou.

– Não querias ir patinar? -- Bufou irritadiço.

– Depois desse teu estranho ataque perdi a vontade.

– Não sejas mulher, mulher.

– Desculpa ter vagina, aliás não desculpo nada. Tu aprecias-a bem. - Notou um sorriso de lado de Tyler e não consegui evitar e sorrir também.

– Queres mesmo falar sobre a nossa vida sexual numa praça tão cheia.

– Pensei que eras "moderno".

– O que se passa nos lençóis, fica dentro dos lençóis.

– E o que se passa na cozinha? Sala de estar? Sofá? No teu carro? Ou no duche?

– Fica nos locais – revirou os olhos sentindo-se um pouco desconfortável com a conversa. Mesmo que não se importasse com as atividades que praticavam, falar delas em público era algo que não conseguia habituar-se. Como se fosse impróprio, e nunca fora muito religioso. Deixou um suspiro escapar-lhe.

– Estás cansado? – Ela ajeitou o seu gorro claro. Tyler parou de a empurrar e estendeu a mão. Kends sorriu e pousou a sua na dele. Apertaram-se mutuamente ainda de olhos postos um no outro. Uma onda de eletricidade percorreu-os e iluminou-lhes os sentidos.

– Uma foto para o casal? – Aqueles fotógrafos de ocasião que são contratados para fotografar os momentos de Nova Iorque apareciam nas piores horas. Ele sorria para os dois e depois colocava-se em posição.

– Não somos um casal… - comentaram em uníssono voltando-se um para o outro. Ela arqueou uma sobrancelha e ele encolheu os ombros.

– Mas podem ficar com a foto de recordação na mesma! – Comentou voltando a posicionar-se. Os dois encolheram os ombros. Ele colocou o braço à volta da cintura dela e ela encostou a sua cabeça no ombro dele. Sorriram e esperaram pelo flash e depois separam-se. Receberam as indicações de onde poderiam depois encontrar e comprar as fotos.

– Pensei que seriam de graça! – Comentou Tyler depois do senhor se ter ido embora. Os dois caminhavam em direção do lago.

– Nova Iorque, querido. Nada é de graça! – Riu.

– Que rica cidade…

– Não digas mal daqui, estás cá, agora és de cá. É lei, não digas mal da tua terra.

– Isso é ridículo!

– Mas é a lei! – Voltou a dizer levando a sua mão ao ar como se conseguisse tocar nas leis.

– Às vezes, és meio doida. – Comentou rindo.

– É sempre, apenas o escondo muito bem – riu.

Finalmente chegaram ao parque. Ela dirigiu-se à barraca e alugou uns pares para si e para Tyler. Foram sentar-se num banco onde descalçaram as suas botas e calçaram os patins. Tentando equilibrar-se dirigiram-se para o circuito de gelo. Ela adentrou o ringue patinando como se toda a sua vida o tivesse feito. Ele, meio desajeitado ia agarrado ao varão enquanto a observava.

Kendall rodopiou, fez uma pequena pirueta e deu uma volta completa ao ringue voltando para perto do seu amigo. O texano não se tinha movido muito e pela primeira vez perguntou-se se ele alguma vez tinha patinado. Com a expressão dele era mais que óbvio que não. Levou as mãos à boca e parou a centímetros dele.

– Desculpa – sussurrou – Nunca me passou pela cabeça que não soubesses patinar. Sou mesmo loira. – Suspirou.

– Pois és! Mas é disso que gosto em ti – ajeitou-lhe uma madeixa.

– Anda – estendeu as mãos. Um pouco relutante cedeu e agarrou os ombros dela como se a sua vida dependesse de tal. Ela abraçou-o de volta e começou a rir.

– Não tem piada.

– Oh se tem! – Começaram a girar em círculos e ele apertava-a cada vez mais – Vou ficar sem ar! – Gritou no meio do barulho. Então deram as mãos, ela exemplificou o que ele tinha que fazer para se equilibrar. Largou as mãos e retrocedeu um pouco. Tyler fez exatamente o que ela tinha sugerido e não tardou muito para que a conseguisse acompanhar. Passeavam pelo lago falando sobre todo o tipo de coisas.

– Aquele moço parece interessado – comentou pendendo a cabeça para o lado de um jovem moreno com um cachecol verde.

– Não estou interessada. – Comentou sorrido – Estás a querer encontrar-me um homem? – Levantou uma sobrancelha.

– Não sei, só achei que devia avisar-te caso queiras fugir.

– De ti? Mas é tão mais divertido fazer-te sofrer. – Pestanejou.

– Descobrindo os teus lances sádicos.

– Um dia podemos experimentar alguns brinquedos se quiseres – piscou-lhe o olho e riu com a cara azeda que ele fez – Juro que não tenho um quarto vermelho da dor.

– Andas a ler livros para mães?

– Trabalho numa empresa de marketing e livros, já vi muita coisa, meu caro.

Foram entregar os patins e dirigiram-se para uma barraca que vendia chocolate quente. Tyler ofereceu-se para pagar as bebidas. Caminharam para fora do parque com as suas bebidas a aquecerem-lhes as mãos.

As luzes iluminavam a praça, crianças rondavam os bancos em busca de um lugar vazio onde se sentar e comer as suas maças com caramelo. Os adultos corriam atrás delas com medo de as perderem, ou que outras coisas pudessem acontecer. Seguido com essa linha de pensamento, Tyler agarrou a mão de Kends. Ela olhou surpreendida e ele apenas encolheu os ombros e disse que “porque me apetece”. A loira bebeu um gole do seu chocolate e voltou a olhar para as ruas festivas. Pessoas com apitos, tambores e outros objetos sonoros que apenas serviam para este dia. Graças a Deus, pensou ela para si.

Finalmente perto da “Bola Gigante” de Nova Iorque pararam. Faltavam dez minutos para a meia-noite e para o começo do novo ano.

– Falta pouco – comentou ela.

– Não acredito que me fizeste sair de casa a esta hora apenas para vermos uma bola cair – comentou um pouco aborrecido.

– Seu herege, é tradição da tua terra. Já te disse, não podes dizer mal da tua terra é…

– Lei! – Gritou ele atraindo alguns olhares. – Acho que foi demasiado alto.

– Combina com o teu tamanho.

– Engraçadinha.

– O meu nome do meio. Dez minutos!

E o tempo demorava a passar. As pessoas iam-se juntando e parecia ficar cada vez mais cheio o espaço. Era nestas alturas que Kendall pensava a quão pequena era Nova Iorque. E sabia que Tyler pensava exatamente o contrário.

– Kendall…

– Sim? – Ela desviou os olhos da bola para observar a cara estranha do seu amigo. Franziu o sobrolho com o ar que ele fazia – Está a ser assim tão horrível?

– Não, pelo contrário. – Comentou. – É só que…

– Ah a contagem começou! Dez, nove, oito – e os números iam passando. – Quatro.

– Kendall – ele pousou as mãos nos seus ombros e fê-la rodar. Kends continuava com o sobrolho franzido. – Eu acho que… – e num impulso, talvez devido ao momento beijou-a. Os seus lábios ligaram-se aos dela e num gemido mudo esperou que a boca dela se abrisse. Precisava urgentemente de a sentir. Não demorou muito para que ela compreende-se e deixasse-se levar. Kendall pendurou-se ao seu pescoço e ele agarrou-a pela cintura chegando-a mais perto de si. Separam-se a arfar. Colaram o nariz um do outro. Ela abriu os olhos à procura dos dele, estavam tão limpos, pareciam tão sinceros. – Feliz ano novo.

– E a bola caiu e eu não vi! – continuavam com os narizes encostados um ao outro. -- Feliz ano novo.

– Desculpa.

– Agora tens que me trazer para o final do ano. – Riu.

– Fica prometido.

– Vou cobrar.

– Eu sei que irás.

– E que vamos fazer agora?

– Vou compensar-te debaixo de lençóis.

– Apetecia-me mais um banho quente…

– Os teus desejos são ordens – ele depositou-lhe um beijo no nariz e estendeu a mão. Kendall pousou a sua na de Tyler e juntos caminharam de volta para o apartamento dela.

❖❖❖
Notas de Rodapé

Obrigada por lerem <3

Apreciadores (3)
Comentários (1)
Postado 30/07/16 20:44

Gostei! No início, não fui muito com a cara deles, mas no final, já estava acostumada. Eles são um pouco fofos, sim. Programação interessante pro ano novo. Só não concordo com o que a Kendall diz. Não é porque você mora num lugar que tem que gostar dele. Pode muito bem preferir sua terra natal. Mas enfim. Lerei as outras fics desse casal, parece que serão boas <3

Postado 08/08/16 20:55

A Kends e o Ty são sempre assim um com o outro pela história adentro. São um casal engraçado e diferente dos outros dois. Well se estás lá a viver tens que gostar de alguma coisa né? Ela gosta do lado positivo das coisas asdfghjklç

Tenho outra postada que se chama lençóis 8D Espero que gostes dela too.

Obrigada por vires comentar. Man já não te falava ao tempo q