I
Este banquete logo atrairá os corvos
Entre mãos que jamais pararão de tremer
Em meio aos risos dos insetos
Jovens larvas regurgitando seus progenitores
O momento culminante de séculos de enganos
Uma punição alada
Asas saturadas na lama cinzenta
Os restos de mil corações dilacerados
II
Haviam portões além dos limites mais obscuros
Colinas banhadas no vermelho néctar de seus cadáveres
Flores moribundas gemendo na carne de suas faces
O chamado de qualquer coisa tenebrosa
Diante das entradas do Leste permanecia a Besta
Cem braços e cem mãos marcados de blasfêmias
Uma promessa chiada entre instrumentos de tortura
Algo ao qual se prender
A espera sagrada de uma derrota sem volta
III
"Venha"
E as moscas subiam em nuvens louvar ao Senhor
"Venha"
Enquanto eles se arrastavam ao redor dos cactos negros
"Venha"
Pois o veneno a brotar de seus pulmões perfurados jamais cessaria
Olhos mortos jaziam estourados
Cicatrizes amareladas no núcleo dos céus
Marionetes de pus travestidas em santos esfolados
Nenhum êxtase encontrado no turbilhão dos suspiros
IV
Um silêncio
O rosto da terra como o rosto de uma criança abortada
Paisagens de aniquilação revogando a empatia
Ventos sem ruídos espalhando o miasma dos fantasmas
Planícies feitas de mentiras
Eram os restos das coroas de esperanças
Ruínas onde os demônios não mais ousavam adormecer
Todos fugiam para nada
Alguns fugiam de lugar nenhum
Por todos os cantos a luz tocava somente para queimar
V
"Apenas entre"
Uma auréola de corpos decaídos
"Lágrimas são desnecessárias aqui"
Mas o sangue flui em torrentes fétidas
"O mundo termina neste lugar"
Ele está eternamente retornando à mesma ferida pulsante
E cada sonho sempre se acaba como começou