Apanho a carta com hesitação e dor no peito, com um nó apertado em minha garganta e lágrimas amargas lavando-me o rosto. A lembrança de sua voz vinha em suas palavras doces, escritas no papel áspero que eu tenho em minhas mãos; tremo ao segurá-lo entre meus dedos pálidos, e lembro-me daquele seu — impagável — sorriso.
Um sorriso hipnótico, estonteante e entorpecente. Seguro-me no aparador com a súbita lembrança, capaz de amolecer minhas pernas, piscando como luzes de natal em minha mente, queimando, ardendo, destruindo-me completamente.
Pergunto-me se ainda sorri assim, tão longe de mim, tão debaixo da terra, tão morta.