Amor dê Amora
Maria Vitoria
Tipo: Lírico
Postado: 03/08/17 19:07
Gênero(s): Poema Romântico
Avaliação: 9.07
Tempo de Leitura: 1min a 2min
Apreciadores: 4
Comentários: 4
Total de Visualizações: 1057
Usuários que Visualizaram: 7
Palavras: 263
Livre para todos os públicos
Capítulo Único Amor dê Amora

Mansa. Quieta. Frutífera. Apavorada.

Um colo que não pertence a nenhum acalanto. Pedinte de olhares ausentes de semi serrados. Uma palavra já não basta para pôr a ceia que a mesa tanto vaga, afoga-se em prantos doloridos.

Uma casca, flor, sementes.

Uma faísca para uma breve despedida de sol, em dias de terça-feira insossa.

Acorda em preces. Dorme em orações clamorosas. Espreita. Berra. Madruga só...

Os rituais são bélicos, transeuntes de memórias espessas - geleias de amora.

Amor? Amora! Dê.

Um jogo falho, pulando sempre dois dados, voltando sempre três casas. Mas, acabando presa em seu próprio martelo desajuizado.

Liberdade para quem somos. Liberdade para quem nos aconchega. Liberdade para quem nos parte. Liberdade para escolhermos ser girassóis.

Um dia o trigo lhe rega

Noutro, um poema lhe rega

Até onde vai teu cabide de flores?

Quase transparente. Fria. Rude. Menina.

Ontem eu aqui no seu beiral, os galos cantantes anunciadores das manhãs mornas, teus afilhados aos gritos mundanos, o coito a base da lua, o suor da minha pele negra, as línguas sugadas como ralos de pia, as mágoas precoces antes da janta e as despedidas que nunca se concretizam.

Olhar a ti é fácil, pecado é não te deixar rimar. Não arder em cólera. Beber pouco vinho nas tardes de intenso tráfego. Sentar a mesa te assistindo mastigar corações de galinhas mortas infincadas em espetos de prata. Atrasar dois segundos de compromisso. Gaguejar na oratória. Torrar os olhos com o sol das montanhas. Cuspir feijoada durante seis horas num sábado de samba.

Teu vasinho cresce ou tuas florzinhas cantam?

Quem te cabe?

❖❖❖
Apreciadores (4)
Comentários (4)
Postado 03/08/17 19:31

tá de parabéns! :)

Postado 17/08/17 14:46

Fulvius, obrigada companheiro!

Postado 14/11/17 23:44

É como se uma canção ressoasse baixinho, entrando pelos ouvidos e tocando o coração. Essa foi a minha sensação ao ler a obra.

Fiquei encantada com sua escolha de palavras! Parabéns!!

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Postado 23/11/17 21:03

Complicado dizer algo sobre esse texto. É tanta informação que, para mim, lento como sou, parecem até desconexas.

Só acho que tem alguém muito apaixonado, heheeh.

Parabéns!

Postado 03/07/18 22:52 Editado 03/07/18 22:55

Não existem palavras suficientes no meu vocabulário para expressar a minha emoção ao ler algo tão profundo.

"Ontem eu aqui no seu beiral, os galos cantantes anunciadores das manhãs mornas, teus afilhados aos gritos mundanos, o coito a base da lua, o suor da minha pele negra, as línguas sugadas como ralos de pia, as mágoas precoces antes da janta e as despedidas que nunca se concretizam."

Esse parágrafo todo me chamou a atenção de uma forma tão clara que eu li e reli várias vezes, como um mantra roubado.

MEUS MAIS SINCEROS PARABÉNS, não tenho palavras para elogiar a obra à altura de sua qualidade, todas cores verdes claras e amarelas quase que transparentes pincelaram minha mente enquanto eu li. Foi mágico. É um deleite!