Era tarde da noite, o vento gélido deixava tudo mais melancólico enquanto que ela se encontrava sentada em seu sofá de três lugares, que ficava na janela entreaberta; uma vez ou outra, levava sua mão em direção do rosto, retirando os fios que insistiam em pousar lá.

Não sabia ao certo do porque de estar ali, mais uma vez, pensando sobre o mesmo assunto que tanto lhe atormentava. Não sabia também a do porque insistir tanto em uma coisa que apenas lhe fazia infeliz…

Bom, talvez ela soubesse, mas preferia por acreditar que não. Era difícil de saber que seu amado apenas brincava com seus sentimentos, que ela não passava de um mero brinquedo que ele usava por um tempo, mas que depois de se enjoar, descartava como se nunca tivesse tido algum valor que fosse.

É. Ela sabia que o relacionamento deles era assim, entretanto, não entendia à do por que de ser assim. Dizer que nunca tentou acabar com tudo seria uma grande calúnia, afinal, por muitas vezes tentou, mas ele nunca a deixava ir e, por ser fraca, acabava por cedendo aos toques e sensações que apenas Ele lhe proporcionava, e que proporcionou mais uma vez naquela noite fria. Porém, ela prometeu que seria a última, assim como várias e várias outras vezes, mas aquela era decidida, e se tornou verídico quando teve em mãos mais uma prova da infidelidade daquele homem.

Não aguentou, deixou que uma lágrima escorresse pelo rosto. Bravejou contra aquilo, mas sabia que não seria a última vez que choraria por ele, assim como sabia que seria a última vez que ele a veria.

Sem se martirizar mais, levantou do acento, pegou seu casaco preto e o vestiu. Logo em seguida, enlaçou a alça de sua mala e a carregou até que chegasse ao banco de traz de seu Impala 67 preto.

Sabia que abriria mão de muita coisa indo embora daquela cidade, mas não via outra saída para conseguir ser feliz.

E então, sem perder mais tempo, apertou o pé no acelerador e começou a se distanciar de sua infelicidade, para então alcançar sua liberdade na América.