Ansiedade
Lumière
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 14/07/17 15:09
Editado: 14/07/17 15:13
Avaliação: 10
Tempo de Leitura: 2min
Apreciadores: 4
Comentários: 4
Total de Visualizações: 1052
Usuários que Visualizaram: 9
Palavras: 330
Livre para todos os públicos
Notas de Cabeçalho

É o primeiro conto que eu publico aqui. Desculpe pelos pensamentos atrapalhados;

Capítulo Único Ansiedade

São as risadas das garotas malvadas na pré-escola quando você tropeça e cai no meio do pátio;

É aquela besteira que você falou faz duas semanas, mas não te deixa dormir;

São os olhares que julgam o jeito que você anda quando está apressado;

É sua face ruborizando quando você precisa falar em público;

São as mensagens não respondidas, que podem ser a falta de tempo da pessoa do outro lado, mas para você, é desinteresse;

É o medo de entrar um relacionamento, por medo de como pode acabar — mesmo nem tendo começado;

São todas as conversas que você não pode escutar. Elas podem ser sobre você;

É o medo de ser observado e julgado;

São as discussões onde sua voz é mínima — sua opinião pode ser criticada;

É o sentimento de nunca ser suficiente, de nunca ser normal, de nunca estar 100% bem;

São as preocupações desnecessárias que viram obsessões;

É se importar demais. É ser alguém constantemente preocupada. É verificar se trancou a porta quatro vezes. É checar se apagou as luzes do quarto pela décima vez antes de sair. É imaginar se aquela pessoa que passou por você na avenida percebeu a mancha de café no seu casaco e pensou o quão desajeitado você é. É se perguntar se a pessoa que você gosta viu a espinha na sua testa e te achou ridículo. É pensar se o professor achou estranho você rir de nervoso antes de ler um texto para a sala de aula. É achar que as risadas nos corredores da escola são sobre você;

São os seus sentimentos de inferioridade, seu medo de ser julgado, seus passos apressados para evitar ser notado, seus tênis desamarrados por vergonha de ter que abaixar para amarrar, suas notas abaixo da média por ter passado mais tempo pensando em como tinha que estudar do que realmente estudar, são suas olheiras por ter passado tanto tempo na cama pensando sobre o futuro, são suas vontades de fugir;

É ansiedade.

❖❖❖
Notas de Rodapé

Espero que tenham gostado :)

Apreciadores (4)
Comentários (4)
Postado 12/09/17 01:04

A velha conhecida Ansiedade. Aquela que para muitos é bobagem, mas para outros é um eterno tormento. Acredito que seja o pior transtorno para se lidar e o que mais machuca. Não é fácil conviver com a incerteza de que até sua sombra pode estar fazendo algo de errado, algo incomodo e até se tornar motivo de zombaria pelos olhos alheios. É torturante lidar com a ideia de que a insuficiência é sua única amiga.

A obra descreveu com uma simplicidade tão grande, algo difícil de se colocar em palavras. Se sentimentos normais já são complicados de serem expressados, imagine um turbilhão deles te bombardeando ao mesmo tempo e ainda te dando o benefício de diversas dúvidas. A ansiedade é cruel o suficiente para nos tornar escravos de nossas próprias incertezas.

Conto extremamente bem feito e que mostra verdadeiramente como é viver com a ansiedade. Meus parabéns, Lumière! Suas obras realmente me impressionaram em demasia.

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Postado 12/09/17 01:32

Vim aqui por recomendação da Srta Ternura e devo reconhecer que o texto è de uma primazia admirável, invejável até! As descrições de tais sentimentos, sensações e reflexões com certeza retumbam na mente de quem lê pois não há ninguém nessa Terra maldita que jamais tenha sido, em vida, imune à ansiedade. Em maior ou menor grau, em qualquer tempo e sociedade, independente do quão inoportuna fosse: ao menos uma vez, ela esteve/estará lá.

A tão poderosa e potencialmente perigosa ansiedade.

Meus sinceros parabéns e muito obrigado por compartilhar algo tão bem elaborado conosco, Srta Lumiére!

Atenciosamente,

Um ser ansioso em demasia, Diablair.

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Postado 14/11/17 23:16

Tem certeza que só se pode apreciar uma vez? Que texto maravilhoso é esse?

Nem mesmo no mais profundo desejo o dicionário conseguiria descrever tão bem uma palavra como você fez aqui.

Eu já fui uma das maiores vítimas dessa praga que assola toda a humanidade. Era praticamente o meu sobrenome. Hoje eu sou um pouco mais controlada, mas de vez em quando essa palavrinha poderosa pousa no meu ombro e me faz perder algumas horas preciosas. Não é como se eu pudesse simplesmente jogar ela para longe...

Enfim, meus parabéns!!

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Postado 17/06/18 01:46

Infelizmente ela vem me acompanhando por literalmente toda a minha vida, fiquei tão ansiosa até mesmo para acabar de ler este texto sobre ansiedade.

Nu e cru, sem bondade alguma, sem jeitinho. É assim mesmo que é. Como poderia ser diferente? Já vivi senão todas, a maioria das situações... As vezes eu penso que ela já foi embora, mas no fundo sei que na verdade ela é uma criminosa que tem a chave da própria cela e pode entrar e sair quando bem entender, por bel prazer.

Muito bem representado! Parabéns.