Me encontro parada
no meio dos trilhos
sentindo os tempos se chocarem
em minhas costas,
estou interligando sensações
e picotando memórias
sendo apenas capaz de escrever
sobre aquilo que me devora
Me encontro parada
sendo observada pela parede
escuridão, dentro e fora de minha mente;
e eu nem mais me reconheço:
quando as janelas berram
e meus membros espasmam
e meus nervos sofrem;
eu nem mais me lembro
das noites
e de quando eu a vigiava daqui de fora
os cães latem e os espíritos choram
hoje eu ceiarei com eles, pois já passou da hora
E eu,
eu me encontro parada
flutuando no canto de um pesadelo
com as retinas queimadas,
me sobram aromas grotescos.
E,
enquanto observo minha sina aqui de cima
vou abraçando e cuspindo
as desventuras que ela cria
pois é graciosa
essa sensação ambiguamente linda e cretina
de querer e não, ao mesmo tempo,
me sentir part-ida.
Eu me recorto, para guardar para mim apenas as partes que eu mais gosto.