Flautista
lest
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 21/05/17 17:36
Editado: 21/05/17 18:04
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 7min a 9min
Apreciadores: 2
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Palavras: 1161
Não recomendado para menores de dezesseis anos
Capítulo Único Flautista

José realmente é um homem desafortunado, ninguém pode dizer que ele realmente não se esforçou, mas nada realmente deu certo para ele, apenas um caminho sem volta. Por fim José encontrou seu triste fim apenas por viver, jogado em um canto escuro, uma alma isolada de todo o mundo, uma alma eternamente perdida, a historia que se encerrou deste jeito, agora irei lhe contar.

José era pai de família, um pedreiro que não tinha muito, mas conseguia viver razoavelmente bem, juntando seu salário com o livro da pequena loja de sua esposa, e sua pequena filha, alem de necessitar de medicamentos caros, necessita de cuidados constantes, por este motivo, fica com sua mãe por metade do dia e com o pai a outra metade, onde todos em sua obra ajudam a cuidar dela, principalmente a arquiteta responsável. Como todos os dias, acordou mais cedo que todos em sua casa, e foi caminhando até seu trabalho, na rua aparentemente deserta. Mas aquele dia parecia diferente dos dias normais, ouvia o som de uma flauta um tanto sombria por todo o caminho, mas imaginou estar ouvindo coisas.

Ao chegar ao trabalho, cumprimentou a todos, como de costume, e logo foi conversar com a responsável, para ver o que tinham que fazer naquele dia, e recebeu ordens para pegar algumas caixas com os materiais para a construção na parte subterrânea da construção, que futuramente será usado como a garagem. Ao entrar naquele lugar mal iluminado, mal sabia onde estava pisando, e logo tropeçou em uma das caixas que deveria pegar, por conter alguns canos de metal, fez um barulho alto que ecoou, nesse momento, viu um vulto se mexendo em um canto não iluminado, como que se alguém despertado de um sono profundo, que logo se moveu para mais longe, ficando na total escuridão, rindo de uma maneira estranha.

-Quem está ai? – O homem perguntou

Como resposta, começou a ouvir a mesma musica de flauta que ouviu para chegar ali, que ecoava por todo o espaço, fazendo impossível se detectar de onde o som vinha originalmente. Mesmo sendo um tanto assustadora, era convidativa, o que fez José caminhar vagarosamente para dentro da escuridão, até o momento que a musica parou, e voltou aquela risada estranha, o que o fez sair do transe, e logo ouviu uma voz esganiçada.

-Pobre alma, mal sabe, que sua criança será roubada – Aquilo soava como uma musica doentia.

-Quem está ai? –Tomava um tom mais violento – O que fará com minha filha!?

Sem nem uma resposta, tentou caminhar pelas sombras, procurando aquele ser estranho, mas nada conseguiu, então voltou com a caixa uma hora depois de ter saído, tempo esse que nem percebeu ter passado, explicou o que aconteceu a sua chefe, que logo riu dele dizendo que era apenas uma desculpa para descansar, o que entendia por que alem daquele emprego difícil tinha que cuidar de sua filha doente. Começou então a acreditar que realmente nada daquilo aconteceu, que estava apenas tendo alucinações pelo cansaço.

Mas tarde no mesmo dia, sua esposa veio trazer sua filha, que por mal conseguir andar se segurava fortemente em sua mão, quando José a viu, logo lhe tomou nos braços a abraçando forte, e a levantando, a mesma riu e o abraçou, e então ele a colocou no chão, e a levou ao escritório de sua chefe, para poder cuidar dela, e pediu para tomar cuidado, por que mesmo que o que aconteceu seja um delírio, ela poderia correr perigo, e sua chefe disse para não se preocupar. Porem antes de sair completamente do lugar, sua filha perguntou o que houve, e ele disse não ser nada, para ela não se preocupar.

Aquele foi um dia complicado, não conseguia prestar atenção no seu trabalho, pela preocupação que estava com sua filha, logo cometeu vários pequenos erros, que com sorte foram logo concertados por um colega mais experiente que estava por perto. Porem ao final do expediente, por um acidente danificou seriamente uma pilastra, que com sorte não foi destruída, e para pagar por este erro teria que fazer hora extra sem recebimento, para a concertar, pois se continuasse daquele jeito a construção inteira poderia ficar comprometida, e teria que fazer isso sozinho, por que todos já estavam muito cansados a aquela altura.

No momento que todos saiam, ele foi cuidar um pouco de sua filha, lhe dando todas as medicações que precisava, e para seu alivio, logo dormiu, momento este que os sintomas de sua doença pareciam acalmar um pouco pelo doce sono, e com isso pegou uma lanterna, e voltou ao seu serviço. O seu erro anterior fora muito grande, criando uma rachadura que cobria boa parte da pilastra, e logo começou a tentar o cimento por dentro dela, para assim cobrir o dano de maneira mais geral, trabalho este incrivelmente difícil.

Então começou a ouvir um som chamativo, mas que ainda estava muito baixo, mas foi se intensificando aos poucos, até um momento que seu coração quase parou, e começou a suar frio, ele reconhecia aquele som, era a mesma musica de flauta que ouviu já duas vezes naquele dia. No momento que percebeu isso, largou o que estava fazendo e correu para ver sua filha, porem já estava tarde, a criança estava na metade do caminho entre o escritório e a futura garagem, e a distancia que estava deixaria impossível chegar até ela antes dela entrar naquele lugar escuro, então gritou por seu nome, mas não teve nenhuma reação.

Ele começou então a correr ainda mais rápido, porem infelizmente não foi o necessário para chegar a ela antes da mesma entrar no recinto, mas logo chegou a sua porta, e apontou a lanterna para dentro do ambiente totalmente escuro, momento este que foi seu maior azar. O que viu naquele lugar, nenhum humano deveria ver, se tratava de um homem raquítico, que tinha as pernas e o tronco curvados, que era peludo e tinha um rabo e cabeça de um rato, com os olhos vermelhos como chamas, que tocava a flauta. Em um primeiro momento, a criatura se assustou com a luz, parecia que ele era um ser que gostava do escuro, porem logo ele parou de tocar, e começou a rir, com a filha de José já ao seu lado.

-Ora ora, que surpresa inesperada, este tolo caiu na armadilha proclamada, não como adultos, mas não posso deixar espalhar estes fatos. – A criatura cantarolava de uma maneira assustadora, e logo voltou a tocar a flauta, e então José foi convidado por seu som, e não estava mais em si.

Esta é a historia do pobre José, que tinha as melhores intenções, mas foi encontrado no dia seguinte jogado em um canto da futura garagem, com um grande pedaço de seu ombro, que ia até seu peito oposto arrancado, aparentemente por um animal com um focinho comprido, e sua filha nunca mais foi vista, aparentemente suas almas foram jogadas no mais fundo dos infernos pela musica de um rato.

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Apreciadores (2)
Comentários (2)
Postado 13/11/17 13:37

Parece que um dos ratos que foram guiados pelo danado do Flautista de Hamelin, conseguiu se revoltar, aprender o ofício do assassino de seus parentes peludinhos e começar a encantar humanos para a morte. HAHAHAHA

Adoraria que tivesse a frase "eu sou filho das ratas que o Flautista de Hamelin não consegiu matar".

ADOREEEEEEI! Parabéns!

(E, desculpe minha viagem aqui... HAHAHA)

Postado 28/06/18 00:25

Olá.

Então, li o texto e teve uma parte que me gelou a espinha. Foi no momento em que o rato falou para José que ia levar sua filha. Cara, não sou pai, mas nada deve ser mais aterrorizante do que escutar algo desse tipo. E claro, toda a ambientalização criada na narrativa também ajudaram a aterrorizar.

No entanto, foi ali que o terror acabou. E não porque a história em si não fosse tenebrosa, mas sim porque a narrativa se perdeu. E se perdeu por dois motivos: a pontuação e a velocidade do texto. A pontuação está ruim. Ela quebra o ritmo da leitura, te obriga a reler trechos para serem entendidos e para um terror isso não pode acontecer. Já a velocidade do texto foi demasiada acelerada. Terror exige descrição de detalhes. A pessoa tem que sentir a cena na pele.

Por fim, uma pilastra danificada não compromete uma edificação, hehehe.

Muito obrigado por postar o texto.