Não podemos fugir das lápides
Não podemos fugir das dores
Não podemos fugir das lágrimas
Muito menos dos temores.
Não há como fugir de guerras
Não há como fugir de amores,
Não dá para pensar sem imagens
Não dá para ser mau a toa.
Jamais fugiremos das rugas
E da pele caída nas costas
Jamais existe um dia, sem outro ter vindo antes
Não existe riso sem motivo
Ou chacota sem maldade
Não existe um só mar sem ter onde desague.
A vida nos dá presentes pesados
Cabe a nós atirá-los morro a baixo,
Ou descascá-los até que se tornem rimas.