Eu não pude escolher o cardápio. Você não confiou em mim ou no meu bom gosto para comida japonesa.
Eu observei o seu recuo quando eu perguntava como foi seu final de semana.
Eu não vi você me olhar uma única vez nos olhos a noite toda.
Eu fui obrigada a ver você sorrir para a tela do seu celular aparentando uma felicidade com quem você dialogava longe, enquanto eu estava bem diante de você.
Eu ouvi o seu silêncio quando você se entediava por um de nossos assuntos.
Eu reparei nas suas micro expressões faciais quando você me notou sem aliança ou quando eu perguntei como que andava seu coração.
Você não seguiu o meu conselho e escolheu o menu errado.
Ao invés de Heineken eu pedi uma água para te acompanhar.
Você quis rachar a conta e eu acabei pagando quatro reais a mais do que eu consumi.
Deixe a tampa da privada respingada de mijo e você usou o mesmo banheiro assim que eu sai dali.
Esperei o farol abrir e atravessei a faixa de pedestres junto com você.
Você não me abraçou.
Você não sorriu.
Você não agradeceu o convite.
Você disse tchau e se foi.
Você não me mandou mais nenhuma mensagem.
Eu me entristeci pela falha do nosso encontro, mas me felicitei por matar a minha própria fome.
Dei dois tragos. Segurei. Soltei... deu onda...
Parti sem esperanças de te rever, rumo ao bairro Liberdade.