Me diga sobre o tempo
Quanto demora
Para as asas que bateram
Se transformarem
Em um furacão?
Me diga sobre a dor
O que mais é sentido
A dor do que foi passado
Ou a do que se faz presente?
Me diga sobre o desespero
O que te enlouquece
A insegurança do presente
Ou a constância do passado?
Me diga sobre a raiva
O que te perturba
O que já foi feito
Ou o que ainda está sendo?
Me diga sobre a violência
O que te machuca
É a faca que em ti penetro
Ou o momento que me conheceu?
Me diga sobre o inferno
O que mais queima
É o que você fez comigo
Ou o lugar que te levo agora?
Me diga sobre a insanidade
O que te adoece
É a dor em suas infinitas maneiras
Ou o espectro do que ainda está por vir?
Me diga sobre o temor
O que te faz suar frio
São arrependimentos amargos
Ou todas as facas que ainda não usei?
Me diga sobre o passado
O que te faz odiar-se
É o amor que nele existiu
Ou a escolha de não fazer nada?
Me diga sobre o presente
O que te faz morrer
É teu sangue derramado
Ou as consequências do teu bater de asas?
E então me diga sobre o futuro
O que te faz ter esperança
É a porta do recinto aberta
Ou a vida após a morte?
Não se engane!
O passado eu já te arranquei
No presente eu já te esfolei
E ter um futuro eu não permitirei.