Céu Pegajoso
6 de Janeiro
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 10/04/17 21:13
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 1min a 2min
Apreciadores: 4
Comentários: 2
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Palavras: 290
Não recomendado para menores de doze anos
Capítulo Único Céu Pegajoso

Acaricio com as papilas

Meus tons luminosos e transparentes

Como se fossem todas cousas interligadas

E as horas finalmente pudessem me alcançar,

Mostrando-me o meu maior medo:

A vida real.

Isso fez-me encurvar

E rastejar enquanto eu volto para o nada

Ao qual eu pertenço desde sempre.

E me vejo

Descrevendo as formas universais da esfera

Que protege o meu escalpo:

Um pássaro negro que dilacera

Cada confusão maciça

Tatuada em minhas retinas mortificadas.

O mais puro lado de meu coração

Deixou-se ser consumido por espíritos

Todos amortecendo meus gritos

Implorando para que eu os suspenda

Junto com meus pulsos,

Cúmplices de cada sentimento imundo

Que não deveriam ser dignos de rima.

É que, uma maldição que foi engolida inteiramente,

Estendeu-se diante dos meus olhos

Então, minha boca aplaudiu meus dias

Vividos na escuridão;

Os quais congelaram a minha mente

Tornando-na obsoleta.

Nadei pelas paisagens seguintes,

Qual uma faísca tímida

Que cumprimenta com um adeus

Todos os insetos contorcidos

- Observando-os por cima dos ombros

Apenas com um dos olhos abertos

Por medo de ser solicitada

Quando não mais for capaz de ouvir.

Por estas causas todas,

Permaneço ainda agora escondida

Atrás de minha muralha de travesseiros

Como uma criança aventureira,

Conhecedora de cada céu pegajoso,

Criança que, se paralisa diante aos reflexos

Que, cantarolando músicas de roda

É capaz de sentir mais conforto ao cruzar

Com a mais severa solidão já explorada.

E são os tufões de vento

As palavras tempestuosas

As unhas agarradas à pele

Os dentes que rangem e se encravam

Os cheiros memoráveis

E texturas agonizantes,

Que trabalham em minha coluna

Apenas para confundir

Meu senso de realidade;

E, ainda assim,

Continuo tentando ser amiga

Das vozes que expulsam de mim

Toda moralidade imposta

Desde quando nasci.

❖❖❖
Notas de Rodapé

Voltei da viagem. Obrigada por ouvir, ou ver, ou ler, ou sentir, ou seja lá como você, caro cúmplice, presenciou as paisagens todas, saibam apenas que elas estão aqui, caçando-me, noite pós noite.

Apreciadores (4)
Comentários (2)
Postado 10/04/17 21:38

Eu não sei se sento e choro ou se levanto e aplaudo. Talvez os dois. Gente, que texto foi esse?! É muito sentimento em um curto período de tempo. Meus parabéns por tamanho talento.

Postado 11/04/17 07:26

Obrigada por viajar comigo, HAHAHA, mesmo! <3

Postado 10/09/17 21:45

Acho que eu vi, ouvi, li e senti.

Acho que é bem melhor ser amiga das vozes do que deixar que elas agitem as coisas e tornem tudo um misto de (a)normalidade. (Acho que não me fiz entender, mas pelo menos eu tentei)

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