Acaricio com as papilas
Meus tons luminosos e transparentes
Como se fossem todas cousas interligadas
E as horas finalmente pudessem me alcançar,
Mostrando-me o meu maior medo:
A vida real.
Isso fez-me encurvar
E rastejar enquanto eu volto para o nada
Ao qual eu pertenço desde sempre.
E me vejo
Descrevendo as formas universais da esfera
Que protege o meu escalpo:
Um pássaro negro que dilacera
Cada confusão maciça
Tatuada em minhas retinas mortificadas.
O mais puro lado de meu coração
Deixou-se ser consumido por espíritos
Todos amortecendo meus gritos
Implorando para que eu os suspenda
Junto com meus pulsos,
Cúmplices de cada sentimento imundo
Que não deveriam ser dignos de rima.
É que, uma maldição que foi engolida inteiramente,
Estendeu-se diante dos meus olhos
Então, minha boca aplaudiu meus dias
Vividos na escuridão;
Os quais congelaram a minha mente
Tornando-na obsoleta.
Nadei pelas paisagens seguintes,
Qual uma faísca tímida
Que cumprimenta com um adeus
Todos os insetos contorcidos
- Observando-os por cima dos ombros
Apenas com um dos olhos abertos
Por medo de ser solicitada
Quando não mais for capaz de ouvir.
Por estas causas todas,
Permaneço ainda agora escondida
Atrás de minha muralha de travesseiros
Como uma criança aventureira,
Conhecedora de cada céu pegajoso,
Criança que, se paralisa diante aos reflexos
Que, cantarolando músicas de roda
É capaz de sentir mais conforto ao cruzar
Com a mais severa solidão já explorada.
E são os tufões de vento
As palavras tempestuosas
As unhas agarradas à pele
Os dentes que rangem e se encravam
Os cheiros memoráveis
E texturas agonizantes,
Que trabalham em minha coluna
Apenas para confundir
Meu senso de realidade;
E, ainda assim,
Continuo tentando ser amiga
Das vozes que expulsam de mim
Toda moralidade imposta
Desde quando nasci.