Atônito e pálido, encarando-se em um espelho deformado,
Deformado pelo tempo, assim como sua aparência.
Era como muitas crianças feliz e bonito, a adolescência estranho e repleto de espinhas, em sua fase adulta considerava-se mais ou menos, até conseguiu namorar algumas moças, mas, mesmo assim, ao lembrar de seu passado e de suas boas lembranças o futuro o atordoava, no espelho deformado sua face ia tomando uma forma desconhecida, algo como a morte?
Sua olheiras eram tão profundas que parecia que tinham cavado buracos sob seus olhos, a sua pele estava tão translúcida, ele jurava poder ver através de si, enxergava cada veia com exatidão.
Agora, em todo canto há espelhos,
Tortos, quebrados, pequenos, grandes, de todas as formas imagináveis!
No reflexo sua pele derrete como gelo no deserto e só restam os músculos e a carne, o desespero faz com que ele tente pôr novamente a pele líquida no lugar, mas, falhou, como na maioria das vezes.
Conviveria assim como carne
Carne viva, ou talvez morta? Quem sabe.
Ele nunca se achou vivo, nunca vivenciou, seus namoros foram em vão, todos para atrair alegria, mas, era triste o pobre coitado.
Sua carne pulsante sangra e espirra formando manchas nos espelhos, ele as observa e repara, elas tem formato de animais!
Ah, ele lembra, ele se lembra de olhar a forma das nuvens com sua mãe, via animais, navios, carros, tudo era tão divertido.
Está muito quente, extremamente quente, sua carne borbulha, seus ossos queimam, ele estoura como um balão, seus pedaços se espalham pelos espelhos e caem junto com suas antigas memórias e seu futuro que não existe mais.
Na verdade nunca existiu.