Os olhos cansados, já meio amargados,
Contemplam o tédio branco e vazio...
Respira-se a morte... Pulmões estragados,
E o breve momento se afoga no rio...
O dia rola lá fora, infelizmente...
É domingo... Que diabos, é domingo...
E alguma mal amada está parindo
Outro feio rascunho de gente.
O dia rola lá fora... Feito um suíno.
A tarde chega crua, nua, nula...
O silêncio soturno é o meu hino...
A metafísica — essa sombra — me perfura...
Cumulonimbus juntam-se... Vem água.
A tempestade quase me lava a mágoa
De existir, assim, no beco triste de tudo,
Pirando a alma na matemática do absurdo.