Ouvi seu chamado
Estou lisonjeado
Por ter sido escolhido
Por me ser permitido
Realizar seu pedido
Enlouquecido
Tanto quanto eu
Se fodeu
Marcamos o encontro
Então apronto
A ferramenta
Que alimenta
Nossos desejos
Que feito cortejo
Seguem adiante:
Começo, confiante.
Você, num instante,
Tem a ideia brilhante
De filmar o processo
SnapChat? Eu mereço!
Mas, tudo bem...
Pelo que vem
Que mal tem?
Ajeita o celular, neném.
Você dá o sinal:
De um modo sensual
A faca penetra
Bem indiscreta
Até o cabo...
Me acabo
A cada golpe
O sangue cobre
A lâmina amolada
Que tarada
E bem dura
Te perfura
Entra e sai
Te esvai
Expondo seu vazio
Meu lado sombrio.
Olhas estas tripas!
Que alegria
Vê-las expostas
Como respostas
Sangrentas...
Nojentas!
É tanta dor
Que esplendor!
Te rasgo mais
Mostro como se faz
Uma pessoa gritar
Tinjo o ar
Com seu sangue;
Tu tem bastante...
Amputo seus dedos
Sem medo
Pura violência
Malevolência
Eloquência
Em sequência
Enfio mais
Na frente, por trás
Tanto faz
Não é demais
Passar o metal
De forma tal
Que corte fundo
E mostre ao mundo
Sua beleza interior
O despudor
Grotesco
Tão fresco...
Continuo
Me lambuzo
De escarlate
A melhor parte?
Orgãos genitais!
Remoções brutais!
Não poupo lugar
Hoje, és meu altar
Meu rascunho
Meu Lego imundo
Peça a peça
Faço a festa
Descontruindo
Me divertindo
Te repartindo
É tão lindo
Que me comovo
Ao cortar seu olho
Que mareja fluídos
Lacrimejar risível
Líquido estranho
Uma mistura e tanto
Escárnio de pranto
Nojento, profano
Que logo escorre
Enquanto tu morre
Aos meus pés
Que ao invés
De estarem no chão
Esmagam um pulmão
Chafurdam a podridão
Pisoteiam seu coração
Poético, não?
Sorrio, então
E como último ato
Arranco seus lábios
Tua língua decepo
A cabeça decapito
Os membros pico
E o resto golpeio
Às gargalhadas, esfaqueio
E continuo, continuo
Até que, exausto, durmo
Sobre restos mortais
Que nem sei mais
Se um dia foram você:
Só DNA para reconhecer...
Depois cuido de tudo
Para sumir bem seguro
Deixando sua imundícia
Para os vermes e a Mídia
E então me despeço
Com leve mensura
Em branda ternura
Por me ser deixar
Te destroçar
Em anonimato;
O seu assassinato
Foi meu renascimento...
Tenha meus agradecimentos!
Mas, isso não importa
Para uma pessoa morta...
Foi um imenso prazer!
Pena ser só uma vez;
Para meu alívio
Ainda resta o vídeo...