O nada sou não.
O nada serei se nunca.
O nada querer ser não posso.
O mundo em mim nos sonhos tenho.
Prédios e mais janelas,
Um metro quadrado em meio há milhões.
Quem é, ninguém sabe senão Pessoa
O que conseguiria se eventualmente conhecesses?
De frente pro nada tanta gente se faz rua e passa,
sem saída a rua deflagra pensamentos
"Real, real impossibly , certain, unknowingly certain",
Drummond adiantava a pedra nos seres.
Finda a vida depressivo fungo
e que te caiam as pálpebras,
Ó! Carroça do tempo.
Há de levar tudo e não deixar nada.
Derrota, inda sem exclamar a verdade.
Tão sóbrio que se percebe a morte.
Desconexão do tudo no mundo, o adeus.
Volto ao vão na parede externa da edificação,
inda no último vagão ouço latejantes barulhos
enrijecidas veias que partem agora.
Atônito... Pensei, apostei, perdi.
Um duplo fidedigno:
Cheiro do fumo que sopra, expele bafo,
Sentimento surreal consciente em mim.
Imperfeito!
Como se nada fosse tudo, talvez
O nada impossivelmente serei
Do obtido conhecimento,
Peguei carona naquela janela.