Voz das paredes
dos tijolos, do concreto;
som de cores opacas
refletindo os dias;
não a dos grimórios,
das mortas magias;
voz direta, da libido
criada em arranha-céus;
de louco, do encarcerado
na jaula de seus ossos;
de peito mudo
e lóbulos que piscam;
de esquizofrênico
e insano voluntário;
de um remédio turvo
que também veneno.
Essa voz é hora tinta,
hora pauta, hora abismo;
é uma voz de mil vozes
e cismas do homem só.