Querida balança,
Não posso dizer que sinto muito por isso mas, eu vou te deixar.
Deixar no porão aqui do dormitório, aquele que guarda as coisas que eu e as meninas não pretendemos mais usar.
Lamento dizer que me enganei quanto a nossa cumplicidade; não somos amigas e sim, inimigas.
Achei que fosse a ajuda que me levaria a perfeição mas, finalmente percebi que era o obstáculo que me impedia de ver que sou perfeita do jeito que sou.
Sei que não é algo que fez por mal, na realidade, a culpa é minha.
Minha por pensar que deveria alcançar uma meta ridícula imposta pela sociedade e medida por você.
Eu não preciso.
Eu não preciso de metas, não preciso da falsa medida certa que disseram que eu devo ter.
Não preciso de uma barriga negativa e, muito menos, preciso de você.
A medida certa para a minha perfeição não é mais você, nem eles que impõem; sou eu.
E agora eu sei de algo que não sabia quando lhe comprei:
Somos todos moldes distintos da perfeição, do jeito que somos.
E aqueles que me amam pelo o que proporciono à eles e não pelo corpo, são os únicos que merecem ser ouvidos e atendidos por mim.