Da última vez que eu me vi, eu estava afundando. Mergulhada em tristes maravilhas, eu era parte das incontáveis cicatrizes no céu; e eu possuía vontades inquietantes de querer voar.
Eu sentia o amor, do tipo que te mata e te cicatriza, sem te dar tempo de respirar, já te acalentando novamente para voltar a te abocanhar.
Mas eu drenei a minha ruína, e evoquei memórias que perdi.
Sinta o meu cheiro, prove da pele daquela que ousou perder tudo que já possuiu.
Enquanto cada parede se desfazia em minha mão, eu pensava estar descansando na areia movediça, logo, me tornando apenas mais uma sombra entre as aparições. Eu era como uma áspera e desagradável saudação. Eu me tornei a paranóia com a qual eu aprendi a viver.
Vi a mim mesma pálida, sem cor, desgastada.
Molhada pelos dedos que me tiraram de dentro da água.
Águas enegrecidas de covardia.
Seus membros todos, arderam de vontade, para me salvar, mas eu soube, naquele minuto que eles apenas escorreriam para fora de minhas mãos, e eu afundaria, incessante, cálida, novamente sozinha.
Eu forcei minha cabeça, no fundo do oceano, aonde eu era a barulhenta, eu acovardava os peixes com minha mania de perseguição - nunca há nada para procurar e nenhuma descoberta que eu fizer, estará salva entre as finas camadas de mar.
Deixei com que os meus pecados, fizessem valer os meus pulmões, então, o frio enraizado começou a vazar de cada rachadura em meu rosto, e, já não podendo aguentar mais, usei de minhas mãos afiadas para fazer o calor deles, se apossar de mim.
Fui expulsa prontamente, dos quintos dos infernos, perto de lugar nenhum, me tornei as palavras que saltavam de minha boca, fluí como uma fonte, engoli cada sangramento, ajuntei cada pequena e grande força marítima, sou a onda mais gigante, eu ensurdeço o frio.
Eu vago cegamente,
Protegendo minhas histórias embaixo dos seios,
Mas infelizmente, eu não sei para onde estou me levando...
A G O R A.