Encarei-lhe durante alguns segundos e um sorriso mantinha-se fixo em meu rosto, aquele sorriso presunçoso de quem tem a certeza de que vencerá. Um riso de deboche, sem dúvidas, deveras malicioso. Eu tinha a enganosa certeza de que venceria. O xeque-mate me pertencia e eu nunca pensei que pudesse existir outra opção.
Mas então, seus olhos se ergueram na minha direção. Olhos marejados, mas que possuiam uma distinta determinação dentro deles. Uma força de vontade a qual eu nunca antes havia presenciado.
Aquilo me fez vacilar, minha respiração falhou-se.
E, naquele momento, eu pude ver o castelo de cartas ao qual construi durante toda a minha vida, desabar-se com um único sopro. Ele, acima de todos os outros, tornou-se o meu ponto fraco. O ponto cego em meu escudo fora descoberto justamente por aquele que me deixava vulnerável, que conseguia me tornar um simples fantoche em suas mãos, enquanto eu via meu orgulho desvanecer-se. Ele tinha acabado de ferir meu ego de uma forma irreversível.
Conquistá-lo... Foi o meu objetivo inicial, mas posso ver agora que perder a disputa, nosso jogo, não é nada em comparação com perdê-lo. E foi exatamente o que aconteceu. Permaneço-me perdida, encurralada, em completo e irrevogável choque.
Eu achava que eu era sua rainha, mas eu acabei me tornando o rei do time adversário, ele deu-me o xeque-mate no segundo em que minha guarda baixou-se.
Ele rompeu minhas estruturas, e, ao vê-lo se afastando, percebi que, desde o início, eu era a presa.
Nunca fui a caçadora.
Ele venceu. E me tinha em suas mãos.
Eu perdi o que tenho de mais valioso. O objeto ao qual eu sempre tratei de guardar seguro à sete chaves.
Meu coração.