Pouco tempo o tempo tem
em poupar o sofrimento
de ser experimentado
do gargalo seco dessarte
às cachoeiras ardentes
que descem em foguetes
e embriagam o olhar.
Viver o intenso do ar
cantar e deixar se matar
na leitura de outrem flutuar
passar a ponte e só pensar
deixar pensamento acionar
tudo que se reflete no mar
um beijo que faz sufocar.
A válvula que impulsiona
pulsa pulsante no pulso
corre fribilante na veia
deixa encantada amargura
sentada harmoniosa à beira
lembranças do espelho velho
que guardara naquela bolsa escura.
Tira Sorrento este sarro sério
madrasta dos eixos desmiolados
oprimidas letras das catacumbas
nivela seus e tais mencionados
quiçá seus bravios mecenas
resistentes funestos das escrituras
os residentes donos do tempo.
Surreais embates de realentos
que veio pra cobrir as vestes
de quem já assistiu do tempo
daquele que leva chumbo de fogo
que escancara o sol a cara
mas se não calar calado de fato
que siga as ordenanças desinibidas.
Conta um caso cada passo
vagueia esta demência solta
deixa correr como um louco
as trepadeiras dos muros modernos
quem sabe não se sabe um pouco
do que Munch já expressava em tela
desconfiguração da forte do pensamento.
Angústias dos estufados estômagos
morte alheia dos sonhos antecipada
depressão do arroto da sociedade iludida
desespero da fome do leite que falta
teta escassa que nem sangue nem pus
sentimentos desisportantes sem feto
tragédia humana já anunciada.
Que fazer se nem tudo é sonho
nem tão pouco neste mundo couto
realidade o é e se faz permanecer
na casta virgindade d'alma salubre
que pouco poupa do sofrimento
as experiências burlescas em vida
inquietante desejo do respirar profundo.
Por Andréia Kmita
Setembro/2015/São Paulo.