Sonhos de areia
Julih
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 19/02/17 23:54
Editado: 03/03/18 16:02
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 1min a 2min
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Palavras: 301
Não recomendado para menores de dez anos
Capítulo Único Sonhos de areia

Construí meus sonhos em um castelo de areia a beira mar. O mar avançava e batia nas paredes, mas elas sempre aguentavam tal fúria selvagem.

Meus sonhos às vezes iam e caminhavam por aí, mas sempre retornavam ao local de repouso quando eu pedia.

Quando eu mais necessitava, eles levantavam meu rosto e me faziam ir em frente, mesmo com as pernas bambas. Mas, como eu queria ser forte em sua frente, mostrava orgulho e coragem em meu rosto.

Em pouco tempo o castelo cresceu, criou mais pontes, mas nunca, jamais, criou muros ou virou uma fortaleza cheia de armadilhas. O castelo de areia que guardava meus sonhos estava sempre na beira da praia, sem temer as ondas, que acariciava-o todos os dias de todos os anos.

Uma tempestade surgiu ao horizonte, sem tempo para procurar por abrigo ou retornar a chuva veio e me encobriu, encharcou minha alma e me lançou ao mar. Fui engolida por diversas ondas que, por ventura, bateram contra as cuidadosamente construídas e frágeis paredes do meu castelo. A areia usada nas paredes retornou à sua mãe, mas meus sonhos se afogaram naquela noite.

As pessoas me diziam, anteriormente, para cuidar dos meus sonhos e colocar-os em uma fortaleza cheia de armadilhas, construída no mais alto morro de concreto. Não foi culpa minha, ninguém previu o que iria acontecer e eu engolhi tanta água quanto eles(a), embora eu fosse maior.

Agora, meus sonhos estão enterrados a sete palmos, presos sob camadas de madeira e concreto, em um local frio e de luto. Algumas escrituras mostram que, um dia, meus sonhos viveram à beira do mar.

Em cima da lápide, um jornal, que estampa uma matéria triste e lutosa em sua capa:

"Tempestade atinge barco de pesca e criança morre afogada no mar. Mãe e tio sobrevivem."

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Apreciadores (4)
Comentários (1)
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Postado 08/12/17 19:52

CA-RA-CA

Esse final me digeriu, mas não tive tempo pra digerir ele. Eu estava afundando junto com os tijolos do castelo, estava sendo engolida pela areia oceânica, estava pensando sobre todos os bilhares de sentidos, e cores e sentimentos e barulhos e cores que te levaram a redigir este conto magnífico, quando de repente... Pareceu tão mais simples e tão mais terrível que isso...

Te parabenizo por TUDO isso!

Postado 09/12/17 00:09

Obrigada <3