Ela nunca se interessou muito por pêssegos. Não era a sua fruta favorita, mas também não tinha um significado especial na sua vida. Nesse verão os lábios dele estavam tão marcados com o sumo que foi o único sabor que ela provou.
E ela nunca tinha tido uma fruta favorita.
Três anos depois, um jovem está sentado à frente dela rindo-se das piadas dela e da forma como ela torce o nariz quando não se acha divertida.
- Se pudesses comer apenas uma fruta para todo o resto da tua vida, qual seria? - Perguntou ele enquanto rodava o indicador na mesa de madeira imitando as linhas cravadas bruscamente.
Subitamente a brisa trás com ela memórias. Ela lembra-se dos dedos dele entrelaçados nos dela, de como o sorriso dele pousado na sua pele lhe trazia bons momentos. Lembra-se de desenhar as veias do pescoço dele com os seus dedos. Ela lembra-se das noites no rio a dançar ao luar e a contar estrelas.
- Pêssegos - Responde. - Poderia viver uma vida inteira a comer apenas pêssegos.