Por entre as montanhas cheias de lodo e as árvores repletas de vida, se encontra uma aldeiazinha familiar, cheia de crianças, sorrisos e cristãos, desses que não perdem um culto por nada.
As esposas sempre bem decentes, bem vestidas, bem fortes, as crianças, brincando, e brigando, os idosos sentados em suas varandinhas, fumando seus cachimbos e os homens, bom... Fazendo o que fazem.
Numa noite dessas, uma velha estava a contar uma lenda antiga, tudo bem, tudo bem, estamos no século dezesseis, mas as pessoas ainda insistem em dizer que essa coisa folclórica, é do passado e que, precisamos ter pensamentos futuristas, se quisermos sobreviver.
Balela!
Se queremos sobreviver, precisamos é ouvir as histórias, elas nos alertam, nos criam com o medo, com a curiosidade, elas nos impulsionam, por isso... Sim, a... A história. Vamos ouví-la.
- Há muito tempo atrás, esta vila quase deixou de existir, por causa de criaturas diabólicas e malignas, que tomavam para si nossos homens e os devolviam já desfalecidos... Sim... Meu pai foi uma vítima, quando o encontramos, ele estava sangrando, por todos os orifícios de seu corpo, seus pés calejados, seu pescoço e lábios com marcas roxas de dentes!!! - a velha gritava, como se ainda praguejasse, depois de tanto tempo - E também, ele estava com seu membro reprodutor duro feito um pedaço de pau, eu me lembro de como foi difícil lavá-lo e enterrá-lo...
- Mamãe, a senhora não deveria falar esses detalhes para as crianças, não é apropriado... - replicou Sissel.
- Cale a boca, Sissel, eles têm de saber do perigo real! E a causa de nosso vilarejo ter tantas igrejas! É proteção!
- É piada! - Quimby, o irmão mais novo de Sissel, entrou com uma maçã na boca e as botas cheias de lama. - Isso não existe, eles contam essas histórias para vocês, crianças, não ficarem perto da floresta e evitarem as raposas e as vacas silvestres, esses bichos sim são perigosos... - ele gargalhou enquanto se embebia de vinho.
- Deus lhe guarde filho, para que você nunca seja encantado por uma Huldra maldita, e se o for, que sua língua se queime, pois eu avisei!!! - a velha socou a tábua da mesa, fazendo todas as crianças engolirem seus risinhos.
- Vai me deixar continuar o aviso, ou não?! - ela gritou cuspindo.
- Eu não sou o pai de ninguém mesmo... Vá em frente mãe, já me cansei de ouvir essa conversa.
A velha se recompôs e voltou a fazer a expressão macabra, para deixar todas aquelas crianças bem caladas.
- Se vocês virem uma mulher muito bonita...
- Casem-se com ela! - Quimby atrapalhou mais uma vez.
- AOS INFERNOS, SEU MALDITO!!! - a boa senhora cristã arremessou um candelabro de madeira no filho, que saiu logo do cômodo gargalhando sem conseguir se conter.
- Aonde eu estava... Ah sim... Se avistarem, por entre a neblina, ou as árvores, e principalmente, se estiver chovendo, uma mulher muito bonita, com cabelos compridos e brilhantes e vestimentas longas, JAMAIS A SIGAM, ou deixem que ela se aproxime, sempre carreguem consigo um punhado de sal, ou um objeto de ferro, assim, elas jamais chegarão perto de vocês! Ah... Vocês devem estar se perguntando, de quem eu estou falando... Estou falando das Huldras! Criaturas lindas e perversas, mandadas pelo próprio inferno para causar o pecado e o adultério! Elas seduzem os homens e os fazem terem relações com elas! E ai daquele que não aguentar! Pois elas são fortes, são ágeis, e tem poderes místicos! O homem que não for capaz de satisfazer os desejos carnais de uma Huldra, é morto! E não pensem que satisfazê-la, garante sua segurança...
- E por que não, vovó? - indagou uma garota delicada, que nem ao menos era neta da mulher.
- Pois eles já caíram no encanto e sempre irão voltar para uma Huldra, querendo cada vez mais, porém, como castigo, eles já estarão cansados, e estando esgotados, já não podem satisfazer a criatura e então, ela os devora! - ela assentiu com a cabeça enquanto trançava os cabelos de uma de suas netas.
- Ah, tá...! - responderam todas as crianças em coro.
- E por que do cabelo grande? - indagou um menino gorduchinho.
- Para tapar o buraco que elas têm nas costas, semelhante á um tronco podre de árvore... E... As roupas longas, elas usam por causa da cauda de vaca, e para quebrar o encanto, basta vocês olharem para a cauda ou para dentro do buraco oco em suas costas, mas é claro, ela não vai desistir tão fácil se encontrar alguém, por isso, se algum de vocês forem pegos, se amarrem à ramos de Tibast e Vandelrot, pois assim, elas perdem interesse pela presa.
- Hmmm... Mas, vovó, e qual a razão de tantas igrejas para... Proteção...? - um dos meninos sussurrou como se estivesse falando um palavrão.
- Elas não podem entrar em igrejas, e se entrarem, elas se tornam feias e ninguém mais consegue olhar para elas.
- Ohh! - exclamaram todas as crianças.
Bom, chegou a hora de dormir, e cada casa foi apagando sua luz. E, logo, só se ouvia o som dos roncos e o som dos ventos.
Quimby, embebido em sua amargura, estava assentado no portal da cidade, junto com seu cão, para lhe fazer companhia naquela noite cheia de neblina e silêncio.
Seu coração, a cada minuto batia mais forte, de uma maneira que ele não conhecia, logo suas mãos começaram a suar, em pleno outono, foi aí, que seu cão, ficou estático, olhando para as árvores.
- O que há, rapaz? - Quimby esfregou o pelo de seu amigo, um pouco preocupado.
O homem observou a floresta, silenciosa, atemporal, grandiosa, assustadora à noite. Mas não viu nada, apenas a lua, o grandioso rio ao fundo, as enormes pedras prateadas com a luz do luar, esquilos que corriam de corujas, ouriços entrando em seus ninhos, águias berrando no céu, morcegos atacando as frutinhas... Tudo normal.
- O que há com você? - ele se levantou de imediato, quando o cão começou a rosnar, ainda com os olhos vidrados nas árvores. - São apenas ouriços, se você os pegar, sabe que vai ficar uma eternidade com a boca cheia de espinhos, não é? - o homem de uns vinte e poucos anos, beijou seu animal, antes de dar a última olhadela para a vila.
De repente, silêncio absoluto, como se toda a força da floresta, se curvasse diante daquilo, como se todos os sons da natureza, cantassem apenas uma canção ensurdecedoramente silenciosa, como se a lua aplaudisse aquela visão, como se todos os bichos estivessem emocionados, como se todos os deuses e poetas dramáticos se inspirassem naquele corpo cheio de calmaria, para escrever suas desventuras.
Ela era linda.
Seus cabelos vermelhos como fogo, estavam trançados, eram como cachoreiras de lava, era como acabar de chegar ao inferno e se deleitar com o ardor do peito em chamas; os olhos verdes dela, incrivelmente resplandeciam mesmo estando de noite, seu sorriso triste e perdido fazia uma leve curva em seu rosto sem qualquer ruga, suas roupas eram tão elegantes e graciosas, ela deveria ser um anjo, ser uma fada, ser tudo o que ele sempre havia sonhado encontrar, ele via todo o universo dentro dos olhos da moça que fez a floresta se calar.
Ele queria falar, mas não conseguia, sua língua estava adormecida e seus lábios moles demais, seu peito ardia, seu estômago borbulhava.
- Pode me ajudar? - ela indagou com um tom de voz único e aveludado, olhando bem dentro dos olhos marrons do homem.
Quimby apenas conseguiu assentir.
- Eu perdi os meus sapatos... - ela olhou para seus próprios pés com um olhar tristemente inocente.
Os pés perfeitos dela, estavam cheios de ervas que tentavam rasgá-lo, mas a pele continuava intacta e lisa, era quase inacreditável que ela não estivesse implorando para não cair.
- São como dois sonhos... - ele sussurrou com um sorriso estampado em seu rosto.
- O que disse? - ela indagou de novo, a cada palavra que ela proferia, era como se o coração do homem quisesse jorrar pelos olhos.
- Que olhar para os seus pés, é como olhar para dois sonhos... - ele não sabia o que fazer, ele achava que ela estava zombando dele, como assim, uma moça completamente linda, daria atenção à um bêbado sentado aos portões da vila, em plena madrugada? - Hãn, me... Me desculpe, isso não faz sentido... O que eu falei... Eu não sou bom com palavras.
- Não precisa fazer sentido, eu não preciso que o senhor seja bom com palavras... - oh, cada letra que pulava da língua dela, era como um beijo.
- E do que precisa?
- Eu perdi meus sapatos, e me perdi da minha família, estávamos viajando para chegar até a Prússia, mas, meu primo se perdeu do grupo, e um a um, nós fomos nos separando... Sou de uma família nobre, sei que se o senhor me ajudar, será muito bem recompensado.
- Não me importa dinheiro... Mas, por que precisa tanto dos sapatos, não é mais fácil eu lhe ajudar a achar seus pais?
- Eu ia pedir para fazê-lo, assim que eu encontrasse os meus sapatos... - ela gargalhou e foi como mil cachoeiras, chamando...
- Olha, a senhorita é muitíssimo linda, se me permite dizer... Não posso ir a lugar nenhum, minha mulher está grávida e a qualquer minuto, o bebê vai nascer...
- Acho que não se importa tanto com ela, pois se a amasse, estaria ao lado dela... - a moça fez uma expressão triste.
- O quê? Pensas que sou este tipo de homem?
- Eu penso sim!
- Posso provar que não!
- Pois prove... - ela chegou bem perto dele, era como se não houvesse limites para aproximação, as calças do homem começaram a ficar apertadas, logo uma protuberância começou a se formar, e como dói! Como arde, não poder tocá-la!!!
- N...N-não...
- Já ouviu o canto da natureza... Perdão, como te chamo?
- Me chame de Quimby.
- Quimby, já ouviu a natureza cantar?
- Eu sou seu melhor ouvinte. - ele afirmou, ainda encantado por tamanha beleza.
Estava tão próximo dela, um centímetro a mais e estaria dentro dela, por cima, por baixo, não importava, ele precisava, necessitava daquela pele, daqueles cabelos, daquela sensação real que ele jamais encontrou em sua esposa que ele não amava ou em qualquer moça recatada da aldeia.
Tão perto, tão perto, oh, que sentimento, que suor, que desejo.
- Mas... - ela se virou bruscamente, como se desse um tiro no peito dele - Eu não posso te mostrar como é, tenho de encontrar meus sapatos... E meus pais.
- Não seja por isso! Eu te ajudo, faço o que você quiser, eu juro.
- Mas e sua mulher?! - ela exclamou, como um gozo.
- Ela... Ficará bem...
A floresta estava mesmo sombria, mas ao mesmo tempo, deleitavelmente sublime, assim como a moça.
No entanto... Por alguns segundos... Ele se lembrou de uma ou duas frases que sua mãe sempre disse, durante toda a vida miserável dele, e então, a floresta começou a fazer barulho novamente, as pupilas do homem, se abriram por completo.
- O quê? Quem é você? Venha, nós iremos amanhã, você pode dormir aqui esta noite... Eu vou pedir à minha irmã que te prepare uma sopa quente, venha, venha moça, está um frio terrível!
Logo toda a beleza e passividade desapareceram do rosto da moça, e ela ficou furiosa, olhou então para o cão, que gemia de medo num canto, ela então, sorrateiramente, o pegou pela coleira e o puxou.
- Sempre quis ter um cão, vamos brincar! - e lá se foi ela, correndo para longe, acompanhada do melhor amigo do homem, que falhou na primeira missão.
- Não! Volte aqui com meu cão! - ele saiu em disparada atrás da moça, suas pupilas se fecharam novamente, a floresta voltou a ser silenciosa, a noite brilhava, e os cabelos dela, eram como um bordado ao vento.
Após muita correria, ele não sabia mais aonde estava. Porém, não importava tanto assim, Ela estava ali.
- Lua que me carrega,
entre o vento e os filhos da terra,
Lua que me banha,
e me enche de aflição...
Devolva-me a alma.
Devolva-me a coragem.
Devolva-me cada batida,
perdida de meu coração.
Traga-me de volta,
às montanhas de minha infância,
me deixe morrer,
sob a sombra de uma árvore mãe.
Ó Lua, que me aplaude quando eu caio,
seja agora testemunha,
de minha mortal refeição.
Ela cantou, e toda a floresta a seguiu, os ventos rugiram, as árvores entonaram, os animais foram o coro e o céu foi a orquestra, ela era tão infinita ali...
- Que coisa mais graciosa... - todos os pelos do homem se eriçaram.
- Acho que jamais encontrarei meus sapatos... - ela disse ainda com fôlego, mesmo depois de uma canção tão aguda.
- Tome os meus. - ele prontamente ficou descalço.
- Agradeço imensamente, o senhor será recompensado. - ela apoiou um dos pés nos joelhos moles do homem, que se amoleceu inteiro quando sentiu aqueles dedos de porcelana tocarem suas vestes.
Ele então, tocou-lhe a panturrilha, tão forte e ao mesmo tempo macia, sem pelo algum, ele nunca vira uma panturrilha assim, nua, delicada - logo sua respiração foi falhando, ele estava tremendo por inteiro enquanto a olhava.
Quimby sabia muito bem o que ela queria.
- A senhorita não perdeu os sapatos, não é? - ele temeu o silêncio por alguns segundos.
- O senhor entende tudo tão rápido. - ela se sentou no colo do homem, e tocou-lhe o pênis sobre as calças, fazendo-o se umidecer prontamente.
Ele engoliu em seco.
Ela então, tirou a capa branca e a deixou ser levada pelo vento, deixou à mostra sua nuca comprida e linda, sem uma marca sequer, ela o fez passar os braços em volta de sua cintura, e tocou o nariz do homem com a ponta de seu queixo perfeitamente oval.
- O que vamos fazer? - ele indagou, segurando a saliva embaixo da língua.
- O que fazemos desde os primórdios, o que dá vida às outras vidas, o que causa dor, o que causa repulsa o que causa gritos ensurdecedoramente belos, o que nos faz ter o gozo real, o que nos faz ter uma sensação de verdade... - ela roçou os lábios nos olhos do homem, que agora chorava.
- A senhorita me entende... Me compreende tão bem, como sabia que eu queria uma sensação real?
- Poucas pessoas tem uma sensação real, eu sinto que vim a este mundo para trazer sensações reais, então, por favor, não me desaponte...
- Jamais irei te desapontar...
- Saiba, porém, que não faço isso como os antigos, o senhor não me entederia...
- Oh... É claro que eu entenderia...
- Então, me deixe ficar por cima, pois eu quero realmente te sentir dentro de mim...
- Eu farei qualquer coisa...
Ela então, começou a mexer os quadris lentamente, enquanto mordia os próprios lábios, seu cabelo foi se destrançando sozinho, e logo suas madeixas eram tão longas que formavam um tapete escarlate por sobre as flores rasteiras.
A moça se agitava a medida que as calças de Quimby ficavam mais apertadas, e ele tinha tanta vontade de tocá-la, mas não sabia o que fazer.
- Me guie... - ele implorou.
- Não funciona assim, me surpreenda. - ela riu, e seus dentes eram como pérolas enfileiradas.
A ruiva dava pequenos toques no membro do homem, enquanto ele revirava os olhos.
- NÃO ME ENTENDE, SEU IMBECIL?!?!?! - ela rosnou como um urso pronto para matar.
- Eu nunca fiz isso antes... - ele suava e tinha vontade de chorar.
- NÃO SABE O QUE FAZER COM UMA MULHER ENCHARCADA DE DESEJOS?! - ela desferiu tapas na face do homem.
- Me desculpe, não sou digno... - ele se afastou por alguns milímetros, mas foi o suficiente para ela terminar.
Ela o arremessou no chão, e enquanto ele gritava cego pela dor, ela arrancou-lhe as calças e abocanhou seu pênis com voracidade enquanto segurava as pernas do homem com uma mão e os braços com a outra.
Seus lábios se enlaçaram em volta do prepúcio e ela começou a sugá-lo cada vez mais forte, com sua língua macia, ela o lambia, e ele chorava, ela o mordia, e ele gritava, ela sugava tão forte, tão forte, tão rápido e cada vez mais e mais até ele implorar para que ela parasse, mas ela não nasceu para obedecer a homem nenhum.
- Vai me matar! - ele observou que o membro sangrava e ele não suportava mais a dor, não aguentava mais chorar, seu peito estava encharcado de água, assim como o rosto dela de esporro.
Mas ela não deu ouvidos e continuava o sugando profundamente, mais rápido mais forte, até que, ele desfaleceu...
A Huldra, com seu peito cheio de orgulho e sua vagina ardendo, desconsolada, olhou para o corpo ainda quente, no chão e então com ainda mais brutalidade, arrancou-lhe o pênis e o engoliu por inteiro.
A boca dela ganhou vida própria, assim como as garras, insetos acrozes saíram-lhe da cratera nas costas e tomaram conta do corpo de Quimby, que era sem dúvidas, o maior imbecil com quem ela já havia estado em toda a vida miserável que tivera.
Em poucos segundos, ela já havia terminado.
O vento lhe devolveu a capa.
Ela calçou seus novos sapatos.
Então, foi-se embora, dançando, noite a dentro pela floresta barulhenta.