Você volta
Da balada;
A revolta
Faz morada.
Juventude,
Beleza à mostra.
Atitude?
Tem de sobra.
Vem sozinha,
Bem chapada,
Sem calcinha,
Mal amada.
A família?
Preocupada
Em vigília
Na madrugada:
"Senhor, proteja
Nossa filha
Jesus, interceda
Por aquela menina..."
Você sabe,
Mas não liga
Só no zap
Com uma amiga
Que sem rodeio
Exige saber
O seu paradeiro
Fora do Uber.
Alucinada,
Você não percebe
Na calçada
Quem te segue:
A penumbra
Me disfarça
Enquanto inunda
Minha caça.
Mudo o rumo,
Conto os passos,
Os segundos:
Preparado.
No escuro
Camuflado,
Te assusto
Pois declaro
Num sussurro
Do seu lado:
"Me diga...
Faz ideia
Quanto esguicha
Uma artéria?"
Um movimento
Silencioso
Suave laceramento
Do pescoço
Lâmina velha,
Carne nova:
União perfeita,
Não concorda?
Sangue pinga
Gota a gota
Feito tinta
Na minha roupa
Velozmente,
Sem miséria;
Inclemente,
Sou plateia.
Em expectativa,
Admiro
Sua tentativa
De um grito
Se tornar
Um gargarejo:
O limiar
Do desespero.
Seu olhar
Lacrimejante
O soluçar
Cheio de sangue
Um mancha
Carmesim
Logo avança
E o fim
Te alcança.
Você lembra
Dod seus pais.
Você pensa
"Nunca mais..."
Você lamenta:
Tarde demais.
Eu assisto
De camarote.
Eu me excito
Com sua morte.
O membro pulsa,
A faca penetra,
O orgasmo dura
Em câmera lenta
Ao desfigurar
Seu rosto,
Te eviscerar,
Deixando exposto
Seu azar,
Sua danação,
O patamar
Do meu tesão,
Da minha sede
De trucidação
Na sua pele
Aqui no chão;
O derradeiro
Lema que sigo
O tempo inteiro
Desde de menino,
O guia verdadeiro
Do seu destino:
"... e mundo inteiro
Jaz no maligno".
Meu presente
Para você, criança?
Um lugar quente
Lá nas chamas.
Vá na frente:
Mande lembranças.
Agora corro
Sem rumo certo;
Que os cachorros
Cuidem do resto.