Machine
Francislaine O A
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 13/02/17 21:23
Editado: 13/02/17 21:26
Gênero(s): Drama LGBT Romântico
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 6min a 8min
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Palavras: 971
Não recomendado para menores de catorze anos
Notas de Cabeçalho

Mais um texto estranho

Capítulo Único Machine

“Kouta? Espera ai. Mas quem é você?”

“Você já disse que seu nome é Kouta. Quero saber de onde veio?”

“Você é estranho...”

- Allen sempre gostava de fazer muitas perguntas, não é? E sempre se irritava com minhas respostas.

"Vá embora!"

"Como assim 'para onde?' Volte pra sua casa."

- Eu te irritava tanto assim? Se sim, peço desculpas.

"Como sempre me acha?"

"Nunca te chamei. Mas sempre aparece quando preciso."

- Eu conseguia ouvir sua voz, mesmo calado. Indiferente da distancia. Mas isso parecia te assustar.

"Kouta... O que você é?"

"Por mais que disfarce é possível notar que não é humano."

"Como? Bom... ninguém cai de mais de dez metros e reage como se nada tivesse acontecido"

- Nunca quis esconder a verdade de você, Allen. Apenas esperava que fizesse a pergunta certa.

"Por que sempre me chama por ‘senhor’? Meu nome é Allen. Sem formalidades"

"Tudo bem. Eu acho...."

- Eu não possuía nenhuma afinidade com você. Não achava certo lhe chamar pelo primeiro nome.

“Kouta... Você vive sozinho? Alguém te criou, certo?”

“Entendo... Você devia gostar muito desse senhor. Ele parece ter te ensinado bem.”

“Mas ainda não entendo porque veio atrás de mim. Por que eu?”

“Estava sozinho e precisava de cuidados. Mas justo eu?”

- Lhe respondi isso diversas vezes, mas sempre voltava a repetir a pergunta. Você me chamou.

“Kouta... Sabe qual a razão de ter sido criado?”

“Sua programação. Androides são criados sempre para algum propósito. Além de serem caros...”

- Até hoje não tenho uma resposta para isso. Sinto muito...

Sabe Kouta... Se eu já não tivesse lhe consertado algumas vezes e visto como é por dentro. O veria como um humano qualquer.”

“Máquinas são programadas para fazer apenas determinadas tarefas, mas você... Parece aprender mais a cada dia. Como... Uma pessoa.”

- Eu aprendi muito com o velho que me criou. Aprendi a viver nesse muito. Mas com você aprendi a ser humano...

”O que é isso Kouta? Está chorando?”

“Tem certeza que é uma máquina? Cada dia me parece mais humano.”

“Mais humano que eu...”

“Hey. Eu não vou morrer. É só um braço quebrado.”

- Quando Allen sofreu aquele acidente cheguei a pensar que iria perdê-lo. E me culpar por não ter podido evitar. Nunca havia “chorado” antes. Apesar de que eu não possuo “lágrimas”. É apenas fluído usado em máquinas...

“Já entendi que você não parará de se referir a mim com ‘senhor’. Mas pelo menos me chame pelo meu primeiro nome.”

“Não irei mais respondê-lo se não mudar.”

- Allen... Pena que não adianta mais como eu lhe chamar. Você não pode mais me responder.

“Ko... Kouta?”

“Não... Não sei se devemos... Quer dizer...”

“Quer saber? Que se dane. Ninguém precisa saber.”

- Quando criei coragem para me declarar e lhe roubei um beijo. Sua reação no mínimo fofa. Sei que te deixei sem jeito e vermelho. Mas isso apenas lhe deixou ainda mais agradável. Senti uma vontade ainda maior de protegê-lo.

“Então é aqui que você mora?”

“É bem tranquilo.”

- O dia que você me convenceu a lhe apresentar minha casa. Uma casa pequena de apenas um cômodo. Pra alguém como eu viver sozinho não precisava mais que isso.

“Kouta... Não sei se...”

“Droga. Eu nem devia pensar nessas horas.”

- Allen... Sentirei falta daqueles momentos...

Eu te amo, Kouta. Toda essa sua loucura. Todo esse seu jeito de ser humano.”

- Também de amo, Allen. Cada dia que passamos juntos. Tudo que me ensinou. Sempre amarei.

Kouta?! O que você fez dessa vez?”

“Como conseguiu se danificar tanto assim?”

- Você sempre ficava bravo quando eu me quebrava. Reclamava dos gastos para me consertar. Mas daquela vez foi por um bom motivo.

De onde veio esse gato?”

“Ah... Então foi isso? Você salvou esse gatinho?”

“Kouta... Já lhe disse isso várias vezes, mas volto a repetir: Você é humano demais.”

“Nem eu me arriscaria tanto...”

- E no final acabamos ficando com o gato.

Hachi? Mas isso não é nome pra cachorro?”

“Que seja. O gato é seu mesmo.”

- Hachi foi um bom amigo, não foi? Infelizmente o tempo passou tão rápido...

“Kouta... Isso é a coisa mais natural... Gatos vivem menos que pessoas.”

“Mas foi divertido... Tenho certeza que ele também foi feliz com a vida que teve.”

- Dez anos... Hachi ficou conosco dez anos... Depois disso você achou melhor não me deixar arranjar outro animal. Nunca fui bom em lidar com minhas emoções. Sempre era tudo novo.

“Kouta... Sabe que eu também não irei durar pra sempre.”

“O que fará depois?”

“Não vou conseguir descansar em paz pensando em quem irá lhe consertar frequente”

“Kouta, meu androide desastrado”

“Meu robô mais humano...”

- Eu não queria que esse dia chegasse. Não queria... Mas o tempo passou. Mais rápido que devia. Você envelheceu e adoeceu. Quanto a mim... Continuei ao seu lado. Nunca mudei...

“Por que dessa cara Kouta?”

”Nos divertimos muito durante todos esses anos, não foi?”

“Já sabíamos que esse dia chegaria”

“Eu sabia...”

- Nunca quis pensar nisso. Queria poder ser capaz de impedir o tempo.

Kouta... O que você faria se acaso eu dormisse e não pudesse mais ver o sol nascer?”

“Como reagiria?”

“Sentiria minha falta?”

- Minha reação... Assustado. Sinto-me sozinho. Não tê-lo mais aqui me assusta. Já tentei me matar, mas o máximo que consegui foi danificar parte do meu sistema... Nem pra por um fim em tudo fui capaz.

Quem irá cuidar de você?”

- Ninguém... Aos poucos estou “morrendo” também. Nem androides são eternos. Sem manutenção correta pifam em curto prazo.

“Kouta... Saiba que te amei até o fim...”

“Minha maior fonte de problemas”

- Sinto falta de suas provocações. Seu sorriso. Sinto falta de tudo... Mas logo toda essa dor irá passar, não Allen? Em breve poderei dormir sem me preocupar com o dia de amanhã. Sem sofrer com essa ausência.

Só quero que saiba que também te amei até meu último instante...

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