Estou enjaulado, como um pássaro engaiolado.
Preso por entre grades invisíveis
Tentando bater asas que já foram livres.
Cada barra de ferro da grade
É uma barra pesada a segurar,
Pesa como um fardo, me impedindo de voar.
Cama, casa, comida e educação.
Disfarçando grades de solidão, abuso, decepção...
Passando de geração em geração,
Parece até uma maldição e, não é só isso, não.
Pois se o pássaro não canta
É porque existe algo de errado
Alguns ainda perguntam:
Não seria pelo seu regime fechado?
Como resposta, ouço do outro lado:
Margina! Aqui ele tem muito espaço
Cortamos suas asas, pois voar.
Não é arte deste pássaro.
Então este pássaro vende e prostitui
Seu canto sofrido em forma de poesia.
Canta entre versos sua agonia
Procurando a paz de uma carta de alforria.