Talvez ele se sinta bem sentado ali. Já reparou na quantidade de livros que ele traz para cá? Achei que ele fosse das Letras, mas acho que está mais para as ciências exatas. Fórmula de Bhaskara. Teoria da Relatividade. Einstein. Os fones de ouvido acompanham o que se passa em sua mente. Ele apareceu, e pareceu tão sozinho... Acho que combina um pouco com a minha solidão. Mas, vejamos as possibilidades, há de haver uma pedra em seu caminho. Ou um caminho em sua pedra. Como é que funciona isso mesmo? Se ele lê tanto, talvez não esteja só focado nos números. Vai um pouco de poesia? Eu gostaria tanto de falar com ele... Mas eu que falei nem pensar, agora me arrependo... É, talvez seja a hora. Sei do que ele gosta. Acho que é a minha chance. Uma pena que ele venha à uma cafeteria onde o café não é tão bom...
— Oi... Gostou do café? — ele me olhou e sorriu gentilmente.
— Ele está muito bom. — não era possível que estivesse, quase nunca acertavam o ponto.
Sorri. Ninguém é perfeito.
Afinal, todo mundo mente.