“— Eu te amo, de verdade, mas isso não vai dar certo, não tem como. – Dizia Aoi, seus olhos estavam fechados, dava para notar que não conseguia olhar diretamente nos meus olhos, não tinha coragem, não mais. — As pessoas na escola, elas... algumas já estão desconfiando, eu não posso deixar que mais pessoas saibam, o que elas vão pensar de mim se souberem que eu namoro um homem? — Sua voz estava ofegante e sua expressão era triste, por um momento eu tentei entender a situação e senti pena, mas isso não mudava o fato de que doía.
— Você diz que me ama, mas tá terminando comigo com medo do que os outros vão achar. — Eu queria entender toda essa situação, mas parecia que quanto mais eu tentava, pior ficava. — Isso é amor mesmo, Aoi?
O silêncio predominou o local, Aoi Watanabe, pela primeira vez não soube o que dizer desde que começamos a namorar, ficou completamente desarmado, não sabia quais palavras usar.
— Eu te amo, mas tenho medo, Marco, é tão difícil pra você entender isso? É claro que é amor, mas não posso deixar que isso também chegue aos meus pais... se isso acontecer, eu não sei o que pode acontecer comigo, o que pode acontecer com você, eu não quero que eles me odeiem, que meus amigos sintam nojo de mim. — Sua voz estava em um tom baixo, abatido, ele realmente ia fazer isso, por mais que isso significasse que ele me faria sofrer.
Eu estava sendo egoísta ou ele estava? Eu já não sabia mais no que pensar. Ele me faria sofrer apenas para manter a imagem de garoto heterossexual e popular da escola e eu apenas queria que ele ficasse comigo independente do que iriam pensar... No fim, ambos éramos egoístas.
— Eu sinto muito, muito mesmo, mas não da mais. — Essas foram suas últimas palavras dirigidas para mim, antes que ele virasse de costas e seguisse seu rumo. Suas últimas palavras antes de destroçar o meu coração.”
O som do despertador tocou alto, acordando no susto, o garoto de cabelos castanhos, olhou para o lado e constatou que já estava atrasado para o trabalho, se continuasse assim, poderia acabar sendo demitido, o que seria bem ruim e não queria decepcionar seus pais, mais uma vez.
Não haveria tempo de tomar banho, o máximo que fez foi lavar o rosto e passar uma escova no cabelo, colocando a primeira roupa que via e saindo correndo porta a fora, sem nem ao menos tomar um café da manhã.
Rezava mentalmente para que pudesse chegar às 9 horas no trabalho, tinha apenas vinte minutos para que suas preces fossem ouvidas, saia correndo pelas ruas até que chegasse na parada de ônibus, Marco estava desnorteado, já não pensava em mais nada, só em seu objetivo de chegar no horário.
Estava indo tão rápido que nem ao menos prestava atenção nas ruas, e nem ao menos notou quando um carro estava próximo de mais, tudo que ouviu foi um dos automóveis buzinar, mas já era tarde para desviar.
Antes de apagar, a única coisa que pode pensar era que poderia dizer ao seu chefe que foi atropelado e não que acordou atrasado para ir para o trabalho, assim diminuiria às chances de ser demitido.