Ela saiu de casa hoje, parecia destemida.
Era como se nada a atingisse, era confiante e sabia de si.
Mas, no caminho, ela foi surpreendida. O que achava ser autoconfiança reduziu-se à hipocrisia.
Ela, tão alegre [e feliz] encontrou-se com o medo que trajava blusa bonita e uma calça jeans.
Ela, tão esperta e prudente, achou que não faria mal confiar na humanidade, mas gente...
Só foi preciso um olhar, de relance, pra que visse o revólver e a tensão lhe voltasse como um bumerangue.
Lhe pediram tudo o que tinha sem saber se, de fato, algo tinha.
Isso não importava, a momentânea paralisia em suas pernas não importava , mas, afinal o que importava?
Para ela, que tudo acabasse, que o momento passasse, que na memória nenhum flash do ocorrido voltasse.
Parte um cumprida,
dois também,
se a três seguisse esse caminho, eu não estaria te escrevendo, meu bem.
Quando arrancam sua liberdade, mesmo que por um segundo,
o medo [mais veloz que tudo] toma o lugar e começa a adornar com os mais diversos temores [até difíceis de se imaginar].
O objetivo, menina Sophia, não é te deixar triste a meditar... eu só quero que ainda assim você não desista, não pare de acreditar.
Talvez você esteja andando na rua e alguém vai acenar e te parar, talvez você fique tensa, mas vai se acalmar ao ver que o rapaz só está perdido e querendo encontrar o destino.
Aí, Sophia, você vai respirar fundo e pensar: Tudo bem, menina, calma. Não foi nada.
Um dia, toda essa tensão acaba.