Eu venho sentindo a paz chegando,
e ela começou a chegar só nos últimos minutos;
como minutos assim, são capazes de mudar meus batimentos
e minhas conexões mentais;
e de diminuir o suor e o tremor e incapacidade de flutuar sentada?
Estou nadando, e, isso é deveras bom,
é como se, muitas coisas tentassem me sugar para o fundo,
mas elas estivessem longe, tão longe,
que só chegariam amanhã.
(ou daqui a cinco segundos)
Mas cada letra, fica sendo eterna,
é como se cada espaço, vírgula, e reticências,
acariciasse meu rosto,
me fizesse sentir sono
- e num momento,
está tudo calorosamente bem.
O suor aos poucos evapora com o calor das ideias,
o coração vai parando de marchar dentro do peito,
a boca seca, e a garganta tosse,
e tosse novamente com intensidade
querendo jogar algo para fora
- Mas é claro,
sempre, sempre, sempre,
há mais...
Há mais do que se fala e do que se escuta,
há mais do que se pede e do que se doa,
há sempre mais, somos mais,
Mais do que apenas números ou palavras.
Todos só conseguem ver o nosso cinco por cento,
e quem diria,
nem nós mesmos, nos auto conhecemos.
Quantas memórias, toques,
Cheiros, sons,
Palavras, ditas, ouvidas, cuspidas, caladas,
quantos pensamentos, e desgastamentos,
guardamos dentro da alma?
- E deles nem sequer temos notícia?
Às vezes eu penso que,
somos todos um grande poço,
cheio de nada,
e dentro deste nada, lá estamos,
seguros,
longe,
respirando,
não fazendo sentido,
pois lá, nada mais importa,
nem mesmo um fechar de olhos
ou uma palavra perdida,
nada mais importa,
às vezes, ser o silêncio,
facilita (?).