Um dia qualquer em um lugar qualquer nos arredores de Florianópolis, Santa Catarina.
Era engraçado o modo como ele vivia... Recebia dinheiro do pai, não sabia o que era pagar uma conta, pois, vivia desafortunadamente com o sustento que não era seu. A cada período do tempo que passou lá, alguém o visitava, seja para conversas, erva, bebida ou sexo, mas nunca ficara sozinho. Pode ser que ele tivesse toda a liberdade do Mundo, saía quando queria, gastava o quanto podia(ou nem tanto assim), dormia o quanto desse e sempre que tinha chances, passeava à noite pelas ruas de Floripa - ele não sabia dos perigos da vida, nem da noite e nem da rua, afinal, nunca viveu nada de muito anormal.
O consideravam um boêmio, poeta, escritor, político(diziam que tinha a essência política), um quadro sindical em formação e onde passava era bem quisto. Na frente de todos, sorrisos. Na frente de todos, piadas. Na frente de todos, amores. Na frente de todos, felicidade. Na frente de todos, amante. Na frente de todos, inteligente. Na frente de todos...
Certa vez, em um breve momento de sua vida, aproveitou a amizade que tinha na república onde morava e decidiu ir à uma boate, o que exigia um grau de alucinação - o boêmio clássico é fã de Vinicius e Toquinho, segundo a regra, uma boate eletrônica não seria bem vista entre os semelhantes -, então o ofereceram um Bike 1944, o doce, aquele que direto de Amsterdão traz a alegria de seus usuários. Ele toma sem qualquer duvida e indisposição aquele papelzinho e não demora muito, o efeito acontece... O caminho que os amigos o levaram não era a balada e sim a Lagoa da Conceição, point paradisíaco de Florianópolis e lá ele tem uma das melhores experiências psicoativas de sua vida: a Baleia.
A Baleia saia da Lagoa de uma maneira nunca antes vista, supondo, é claro, que ela sempre esteve la. A cabeça do animal estava em sua direção, os olhos eram enormes, mas fundo demais para saber o que se passava na cabeça dela, a boca conseguiria engolir facilmente todos que ali estavam, talvez, todo o Mundo conhecido. E do nada, ela sorrira, como se quisesse contar algo a ele. Tudo foi filmado por seu cérebro. Tudo. Ela sumiu, desapareceu de seu olho, nem sua cauda, que diferente do corpo e cabeça, eram minúsculos. Ela sumiu de sua vida.
O engraçado é o que ele escondia atrás desses amores e coisas que sentia ou passava sentir, a solidão, o desprezo, o desespero, a depressão, o vício e a falta. Cada ítem milimetricamente selecionado por seu coração, no que resultava na maior farsa de todas: ele mesmo. Enquanto seus amigos e amores o cumprimentavam, a falsidade denotavam certa psicopatia.
A efemeridade da vida o persegue. E nesse texto tão desconexo e descontínuo, o desespero da ansiedade já me tomou conta para continuar. Desculpem.