As paredes eu percebo
Sinto-as e as vejo.
Todavia, elas não mais existem.
Por que em minha visão persistem?
As quebrei, levei anos.
Não estão lá, eu provei.
Mas não sei...
E se?...
Não! Eu as faço existir.
Sou fruto de mim, uma construção.
Quebrar as paredes,
Na vida foi minha razão.
Agora, eu crio minha escuridão.
Sou quem me assassina.
Pois, não consigo aceitar
Que superei meu estigma.
Talvez eu não seja realeza,
Mas imensurável é meu valor.
Porque tudo em mim
Fui eu que construí.
Vim das cinzas,
O último a iniciar a corrida,
O que por acaso recebeu a vida,
Aquele que sobreviveu à sangria.
O fogo acha casa em mim,
Ascende minha alma
Em um potencial sem fim.
Paguei o preço.
Posso ser louco,
Posso até não ter um norte.
Porém, a única possibilidade
Da impossibilidade do ser é a morte.