Os toques, sons, me levam facilmente pra outro lugar. Quando fecho os olhos, acelero esse processo que muito parece hipnose
O dedilhado, fazendo introdução dessa música à dois, toca o corpo fazendo-o estremecer. Como se cada acorde fosse montado sobre mim. E meus braços se dividissem em casas, que abrigam notas que eu desconheço. Como se, ao dar forma aos desenhos, partes de mim, desconhecidas, viessem à tona no mesmo tempo.
Sinto o tempo me dividindo, mas tudo bem, a melodia não teria harmonia se tudo se impusesse de uma só vez.
E dessa vez, compreendo, enfim: Não sou instrumento, nem desenho, sequer notas bonitas , organizadas assim...
Sou toda letras, não a letra, mas várias letras tentando formar alguma palavra, que rime com outra, que faça sentido numa frase, que se torne poema, seja guardado como emblema, ou recitado com imponência em qualquer esquina de indecência.
Muitas letras misturadas torcendo pra ser a letra da música que será cantada. Desejando tocar o coração de alguém,
mesmo que de forma desastrada. Como, um dia, aquele som me tocou; Dia tão comum, tão repetitivo, tão cheio de dor...
Agora, também sou música. A que mal se iniciou, aquela cuja letra você não terminou. Porque teve preguiça, ou à outra letra já se dedicou.
Desistiu até cedo, porque cedo se cansou.
Não te julgo, eu também cansei desse pseudo poema, vou aprender com você e o deixarei aqui.
Torcendo pra que alguém mais interessado, um dia, o leia.