Secas lágrimas
Por meu rosto descem.
O hoje falece
Em lástima cinza.
Preso em um ciclo,
Os dias são iguais.
Os desiguais olham-me
E não entendem a loucura.
Não há cura para mim,
Tenho o valor de carmesim
E as asas de serafim,
Mas o coração quebrado.
Frágil é o barro
Que enterra os corpos
Das que se foram,
Das que me abandonaram.
Em eterna reforma,
Meu corpo muda sua forma.
Mente afiada e pele resistente,
Assim é, da loucura, um sobrevivente.
A escrita é cada vez mais difícil,
O poeta em mim morre aos poucos.
De seu último sopro, cada vez mais perto.
Espero que não, espero...
As ondas batem nas pedras
E a pedra lá fica,
Imponente, resiliente,
Silenciosa e esquecida.