Nada de contra-argumentar, expor seus próprios pontos de vista, se expressar, agir à partir de suas próprias idéias. Na influenciabilidade de uma obediência cega, me tornei um casulo solitário. Um pássaro sem asas. Um amor sem reciprocidade.
Diante de uma imposição materna, tudo o que eu tinha era a essência da raiva mesclada com a covardia infantil. O medo do olhar repressor, o pavor da negação perante uma exposição de liberdade... Tudo o que sou, ainda é tão pequenino, tão mínimo comparado ao que deveria ser gigante. Uma imaturidade emocional. Uma lacuna nunca preenchida. Uma cólera cultivada com flores.
Eu me rego, na esperança de uma crescente fortaleza enraizada na coragem de enfrentar o mundo. Mas, eu ainda peco, quando deixo os pesadelos infantis me dominarem a tal ponto que não posso me permitir me tornar adulta.
É tudo um processo. Uma espécie de alvará sem licenciamento, que cresce e se forma, na medida que eu na posição de filha vou me libertando das amarras do:
"cala a boca, você só fala merda."