-Pai, eu estava pensando aqui.
-Hum. –Ele olhava atentamente o jornal da manhã.
-Eu vi que tem um gatinho filhote aqui no condomínio, ele não tem dono.
-E dai? –Ele ainda continuava lendo.
-Sei que o apartamento é pequeno, mas será que o senhor me deixa ter um bichinho?
Ele tirou os olhos do jornal e se virou para mim. Estava com o seu cabelo levemente arrumado, sua barba por fazer e os olhos me estudavam.
-Quem vai ficar com ele quando você for a faculdade?
-Ele com certeza vai ficar dormindo, vou deixar água e ração.
-Cocô?
-Caixa de areia e panos higiênicos pai.
-Hum, e se ele tiver alguma doença? –Ele havia apoiado a mão no queixo.
-Então vamos ver, tem esse aplicativo que mostra os gatos e cães de rua, já vermífugos e bem tratados até. Podemos escolher um. Olha esse branquinho aqui que lindo! –Passei o celular para ele. Papai olhou e olhou.
Ele me devolveu o celular.
-Tudo bem, vamos adotar um gatinho.
Eu fiquei animada, já ia pensando no possível nome do bichinho e nos brinquedos dele. Em suas vacinas, e em todo carinho que ele irá receber.
-Uri? Max? Todd? –Estava escolhendo os nomes alegremente na minha cama.
Foi quando me lembrei de um ‘problema’. Levantei correndo e fui em direção à sala.
-Pai. –Arfei. –Tem um problema.
-Qual? –Ele não parecia muito interessado.
-A mamãe, ela não vai deixar. –Me sentei no sofá.
-Simples, quando ela vier aqui tu joga o gato pela janela e deixa pendurado, ai quando ela sair tu puxa ele de volta.
Rimos um pouco.
-Sem essa pai.
-É filha, sinto muito. Quando tivermos uma casa maior vamos adotar um tá?
Ele me abraçou apertado. E ficamos ali no nosso minuto de silencio, talvez imaginando mais um membro da família além do nosso cachorro.