Ensaio para o além-além
Romão de Fonseca
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 08/11/16 06:39
Gênero(s): Drama Reflexivo
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 1min a 2min
Apreciadores: 4
Comentários: 1
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Palavras: 272
Não recomendado para menores de dezesseis anos
Capítulo Único Ensaio para o além-além

Meu peito dói, meus olhos não distinguem o ser de sua essência e meus pulmões exalam um ar maldoso de masoquismo. Estou tonto e desmaio. Caí na minha própria sombra, que agora esvairece no luar da noite. Passaram-se muitos anos desde que te vi, solidão; talvez há mais de 20 anos, nos meus vinte e dois de nascença.

Sou um pedante, mendigo, jogado na lama e julgado fedido, feio e vadio. Arde minha barriga, mas não de fome, de uma ânsia de querer - como nos filmes de Bergman ou Malick -, que merda é a vida. Em um momento sorrio, no'utro morrio (permita-me prática do neologismo) (desculpe).

Como um gato, mas um gato no cio, corro em direção à gata. No final das contas e cotas, a gata não era gata, era bicho, bicho-da-seda, que escondido na parede jogava sua teia. Meu bicho-da-seda agora é ara-n-ha. Com minhas pequenas patas ou seja lá o que for, a bunda de-teia, teio a vida na sala. No canto da sala. E canto que eu canto - canto sobre tristezas e textos difíceis.

Anseio a morte! Abre alas para o samba de minha consciência - que como numa trip de fantasia hoffmaniana -, dança nas ruas do Rio, rio. Exasperado pela luzes do nascer do dia, que essas pessoas tontas, loucas, saíam logo da minha frente!

No fim do nascer do Sol; o formol que me deixa tonto, extasiado, maluco e contraditado. A revolução pautada por características extraordinárias, agora, acontece extraordinariamente na rua.

Eis então, uma imagem, sombria e escura que mais parece um bebê horrendo chorando. Sou eu? Morte. Acaba por ser assim, o fim do meu sonho.

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Apreciadores (4)
Comentários (1)
Postado 19/11/17 02:41 Editado 19/11/17 02:43

Antes de mais nada, permita-e e perdoe-me a divagaçåo que virá a seguir, Sr Romão: existe, ao meu singelo ver, uma beleza tétrica neste texto mordaz. Um misto de ódio e tristeza por si próprio é o que me faz identificar com o eu-lírico da obra, além de me fazer lembrar (e pensar) em uma estimada e saudosa pessoa...

Mais do que entendido, este é um conto para ser sentido e nisso, meu caro autor, o senhor conseguiu fazer um excelente trabalho. Ao menos para mim e comigo.

Muito obrigado...

Atenciosamente,

Um ser de todo modo mendigo, Diablair.

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