Sequestro
Azurisky
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 05/11/16 21:59
Editado: 21/11/16 11:40
Gênero(s): Terror ou Horror
Avaliação: 9.87
Tempo de Leitura: 5min a 7min
Apreciadores: 8
Comentários: 5
Total de Visualizações: 812
Usuários que Visualizaram: 15
Palavras: 851
Não recomendado para menores de dezoito anos
Notas de Cabeçalho

Cannibal corpse trás algumas insipirações...

Violência explícita. Não leia se for sensível.

Capítulo Único Sequestro

Acordei com um odor mefítico. Abri os olhos devagar saboreando um gosto de sangue velho em minha boca, engoli e tentei mexer os braços. Com o som de correntes batendo, eu me lembrei de tudo que estava ocorrendo – e me assustei ao imaginar o que iria certamente acontecer. Eu havia sido sequestrado. Estava voltando do trabalho para casa, eram cerca de meia noite e a rua estava mais deserta que de costume, visto que chovia forte o suficiente para qualquer pessoa preferir ficar em casa. Caminhava apressado evitando o máximo que podia poças de água e foi quando olhei para trás. Uma figura surgiu abruptamente de uma coluna e golpeou-me no rosto. Perdi a consciência ali mesmo.

Tentei falar qualquer coisa, mas minha boca esta selada com algo. Um arrepio surgiu em minha espinha e transformou-se em medo quando olhei minha situação. Eu estava nu, dependurado pelos braços por correntes grossas o suficiente para nem um touro se livrar. O lugar se assemelhava a uma caverna. Era úmido e muito escuro; a única fonte de luz – tímida – vinha de uma pequena vela sobre uma mesa velha. Sacudi-me nervoso. Nada de bom aconteceria. Olhei ao redor o máximo que pude e tomei um susto quando vi sentado perto da mesa uma figura sombria. Rezei para que fosse um demônio, mas era uma pessoa – para minha completa desgraça. A figura vestia um manto preto que cobria seu rosto e todo seu corpo. Suas mãos estavam enluvadas e seu rosto estava envolvido por uma touca ninja. Morreria sem nem saber sequer o autor.

Não tive tempo suficiente para aceitar minha morte, pois o homem (ou mulher, não sei) levantou-se da cadeira me olhando com interesse. Parecia ter me esperado acordar pacientemente. Depois de rodear-me, ouvi um estalo. A pessoa estava a estalar o próprio pescoço, como quem está a se preparar para um trabalho difícil. Caminhou lentamente até a mesa e de lá abriu qualquer coisa – não conseguia ver quase nada naquela escuridão – retirando um objeto perigoso. Senti minha pupila dilatar de medo e forcei-me a não chorar de desespero. Em suas mãos estavam uma faca afiadíssima o suficiente para cortar até pensamenos. Como eu sei disso? Simples, senti na minha própria pele.

A faca penetrou com precisão o meio das minhas costelas cortando de cima a baixo com devera rapidez. Quem quer que seja estava habituado com tal ação. Gritei, urrei como um animal a ser abatido, mas nada disso foi suficiente para fazer com que a pessoa parasse. Com calma, depositou a faca sobre a mesa e tornou a mim. Senti o toque das luvas emborrachadas bem nos ossos a separar com brutalidade aquilo que um dia foi meu tórax. Como eu estava acordado com tanta dor? Havia uma seringa presa ao meu braço direito que provavelmente depositava drogas que empediriam que a diversão do ser terminasse. Eu iria suportar aquilo tudo acordado. Ele tirou até meu direito de desmaiar.

Urrando de dor e tremendo como um animal repugnante olhei para baixo. Pude ver partes dos meus órgãos internos trabalhando. Que visão desesperadora. Olhei pra cima buscando os olhos da pessoa para implorar por misericórdia, mas o que vi foi uma pessoa preocupada. Sim, ele estava, ou ao menos parecia, preocupado comigo – ou deveria dizer com o tempo de vida que me restava? Estava com uma mão abaixo do queixo aparentando pensar. Foi então que caminhou até mim e livrou-me das correntes. Cai no chão sem forças, sangue que eu perdi já fazia falta – e nem vou mencionar o fato de estar com os ossos separados. Emitia sons de desespero enquanto me arrastava num chão que fedia ao meu próprio sangue. Foi quando senti correntes a prender meus pés e pulsos.

Fui novamente elevado, mas dessa vez estava de ponta a cabeça. Fui banhado e quase engasguei com meu próprio sangue e algumas vísceras. Pena que não morri com isso. A pessoa aplicou duas agulhadas em mim. Uma em meu pescoço e outra em minha perna. Senti algo entrar nas veias. Com dificuldade, pisquei os olhos para meu sangue livrar minha vista e deixar-me enxergar, olhei para o lado e vi que sangue passava para o meu pescoço. Que sádico. Ele não queria que eu morresse de tanto perder sangue, mas para a minha felicidade, na situação que eu estava, ainda assim não viveria muito. Torci para o tempo passar rápido. Tinha que passar, eu queria morrer logo. Me debati como pude, a dor consumia-me de tal forma que uma nova palavra deveria ser criada para representa-la. Urrei em profundo desespero ansiando pelo toque gentil da morte que me levaria para uma situação melhor, mas o que senti foi uma mão emborrachada a envolver meu coração. Apertou-o, divertiu-se com ele o quanto quis e então, quando enjoou, arrancou-o com brutalidade. Só pude ouvir os estalos das artérias se partindo. Sequer dor senti, foi tão rápido. Vi meu próprio coração batendo na mão escura daquele ser. Virou as costas e caminhou para não sei aonde. O que ele faria com meu coração? Tive alguns segundos para imaginar e logo tudo se fez escuridão.

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Apreciadores (8)
Comentários (5)
Comentário Favorito
Postado 06/11/16 21:36

Eu já disse que amo muito mais a Dark Sky? Já?... Ok, digo novamente! A DARK SKY É MUITO DIVAAAAA!!! AMO/SOU! <3

“Rezei para que fosse um demônio, mas era uma pessoa” Diab está de férias no Hell e mandou um humano fazer o trabalho dele. (Sorry! Vou parar com essas coisas, prometo e_e)

Eita! Colocou uma faca no meio e não me chamou. Esse ninja mascarado não sabe com quem está brincando. Se esse/essa personagem sumir do teu arsenal, a culpa não foi minha, ok? :) Tive vontade de fazer uma disputa entre a faca dessa criatura e a minha... Seria interessante. #Some

É realmente triste quando um brinquedo “quebra” muito cedo... Gostei dessa criatura preocupada com o bem-estar da fonte de diversão. Muito emocionante. Crianças deveriam aprender com esse ser. Só acho. U_u

Tenho um palpite para o coração: SOPA!!! Ou Empanado ou ainda ele poderia ser colocando em um pote e servir de enfeite ou moldado para parecer um colar... Ah, são tantas possibilidades divas.

Gostei muito. Parabéns!

Postado 27/01/17 15:54

Cara, sério, desisto de tentar responder esse review a altura! Olha esse comentário? Dá pra sentir a empolgação daqui! eduehuhd

Menina, cê fala umas coisas que me matam (no sentido fofo da palavra [?]) <3

Obrigada por ter lido. De verdade.

E perdão pela demora e incapacidade de te responder devidamente... ><

Postado 05/11/16 22:23

Juro que fiquei com medo. o_o

Que texto! Muito bem escrito! o/ E, céus, como eu durmo hoje...?

Inteh! :D

Postado 06/11/16 17:06

Valeu a pena :3

Desculpaaa! haahah

Muito obrigada por ter lido! <3

Postado 06/11/16 00:40

Ah, humanos... Existem monstros piores e mais capazes de causar dor, sofrimento, repugnância, desespero e morte do que eles? Não, temo que não.

A parte da brincadeira com o coração... Ah, que poema maldito e peculiar que arremete a N situações...

Um texto tão bem descrito e narrado (ao ponto das sensações e sentimentos se tornarem palpáveis) dispensa quaisquer comentários. Aplausos e agradecimentos por tão realista e abominável criação se fazem mais precisos e necessários...

Excelente trabalho, Jovem Poder! Estou inspirado esta noite... Graças à sua competência e excelência.

Atenciosamente,

Um ser das cavernas, Diablair.

Postado 06/11/16 17:08

Vaaaaaleeeeeeu! <3

Eu e essa minha fixação por psicopatas destruidores de coração! uahsuhasua

Espero logo ver o fruto dessa inspiração :v

<3

Postado 18/11/16 10:22

A última cena me fez lembrar da música Metrô linha 743, do Raul Seixas, que diz:

"Minha cabeça caída, solta no chão

Eu vi meu corpo sem ela pela primeira e última vez

Metrô linha 743"

Hehehe

Pois bem, Joy. Já fazia um tempinho que não lia algo seu, o que é uma lástima. Eu gosto muito do jeito que você constrói as tuas narrativas, sempre buscando utilizar o bom português e deixar tudo o mais claro e detalhado possível, sem tornar o texto maçante e exagerado. E nesse texto, nós podemos ver isso novamente, em que você trouxe os detalhes mais sórdidos desse fim de vida de um homem, aparentemente, inocente.

O texto me trouxe um certo embrulhamento no estômago e uma sensação estranha nas costelas. Acho que isso é claro sinal de que seu horror fez efeito, heheeh. Fiz cara feia em vários momentos, hehehe.

Parabéns por esse belo conto, Joy!

Postado 30/12/16 12:48

Posso ficar feliz então, pois causei as reações desejadas heheeh.

Muito obrigada por ter lido e feito um comentário tão elaborado. Eu particularmente gostei muito de escrever esse conto xD

Obrigada!

Postado 07/01/17 00:50

Senti parte do horror na pele ahahahahahahah.

O halloween rendeu muitos textos bem escritos, hein!

Postado 07/01/17 13:09

Eu tava inspirada! Kkkkkkk

Obg por ter lido e comentado! <3